segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O ACONTECIMENTO INTERNACIONAL DO ANO

(Patrick Blower, http://www.telegraph.co.uk)

(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)

As incidências em torno do “Brexit” acabam por ser a escolha que é mais óbvia quanto ao acontecimento de maior relevância ocorrido no ano que termina. E não apenas por razões de proximidade imediata e de repercussão sobre as nossas realidades, nacional e europeia. Também pelo interminável emaranhado de processos que vai envolvendo e, sobretudo, pelo grau de indeterminação que ainda o carateriza a menos de três meses da data convencionada para a sua concretização. A ter de indicar outra possibilidade, sempre optaria pelas múltiplas incidências e consequências potenciais da chamada “guerra comercial” EUA-China, sem com isso me permitir esquecer os vários e criminosos dramas associados à caravana de migrantes latino-americanos que procuram desesperadamente alcançar a fronteira sul dos Estados Unidos, as incontáveis e inenarráveis diatribes de Trump e as suas primeiras dificuldades no pós-eleições intercalares ocorridas, a terrível situação política interna do Brasil de Lula e Bolsonaro, as manifestações e os abalos políticos provenientes dos “coletes amarelos” em França ou a grave crise humanitária no Iémen. Nada de positivo, portanto. E, para cúmulo, com a agravante do período que vive a nossa Europa, mergulhada numa aparente acalmia tendencialmente otimista que mais não é do que uma espécie de enconchamento sobre si própria suscetível de esconder, cada vez mais claramente, um acumulado de problemas por assumir e enfrentar, algo que mais dia menos dia aportará um preço dificilmente suportável – nem de propósito, por estes dias andei a ler o inquietante “Euro Tragedy” de Ashoka Mody (ao qual voltarei, referenciando o que ele designa por “união monetária incompleta”, falling forward thesis como a filosofia orientadora da moeda única e groupthink como descrição da “inabalável crença coletiva” dos líderes europeus de que tudo corre e vai correr bem) e ainda pude passar os olhos sobre a tremendista entrevista de João Ferreira do Amaral ao “Sol”; argumentos, uns mais batidos do que outros, mas que fornecem matéria vasta para reflexões muito sérias e preocupantes quando se olha para o que aí está para vir...

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