(cartoons de Kak, http://www.lopinion.fr)
O tema já aqui foi abordado pelo António Figueiredo e apenas volto a ele devido à inflexão da posição do presidente Macron perante a escalada de descontentamento e a consequente severidade dos protestos que grassam nas ruas de Paris. Porque tal viragem é, verdadeiramente, um pau de dois bicos: por um lado, tem algum potencial de acalmia, vista esta talvez pelo governo como capaz de lhe permitir algum realinhamento de forças na perspetiva de voltar a carregar munições para cima da questão; por outro lado, mostra uma clara fraqueza do lado do poder, bem assim como quanto a sociedade francesa é por demais resistente a qualquer mudança reformadora (irreformável mesmo, segundo alguns). De uma ou de outra forma, a concessão à rua de um eficaz estatuto negocial, quaisquer que sejam os argumentos, arrasta consigo traços de perigosidade suscetíveis de virem a alimentar expressões de populismo descontroladas ou democraticamente incontroláveis.
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