segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

TRÊS CASAMENTOS E UM FUNERAL?


Quatro notícias com chamada de primeira página no “Expresso” deste fim-de-semana, qual delas a mais interessante de analisar. Apesar de atónito com os estranhos casos de um “patrão dos patrões” que andou por aí a apregoar alguma moral nacional e agora adere a uma fação do PSD, de um comissário europeu que foi bem tratado enquanto tal por toda a sociedade portuguesa e agora se volta a refugiar debaixo do guarda-chuva partidário e de um isento assessor de Marcelo e ex-responsável de instituições europeias em Lisboa que agora se atira para os braços de Santana à espera de assim ser eleito para um lugar em Bruxelas, sempre prefiro o caso mais óbvio de Rui Rio, afinal aquele que mais potencial tem para se refletir sobre a dinâmica político-partidária e eleitoral que temos à vista nos próximos meses.

Pessoalmente, nunca tive qualquer dúvida quanto ao sentido essencial do que foi estando em jogo no celebérrimo dossiê dos terrenos do Parque da Cidade, que já vem de longe e nunca deixou de estar, sob múltiplos disfarces e cambiantes, no epicentro da longa passagem de Rio pela Câmara Municipal do Porto. Não tinha tanto a noção, todavia, de que existisse uma ligação tão direta e comprovável entre a teimosa gestão daquele dossiê e a autorização para construção na escarpa da Arrábida como contrapartida dada à Imoloc e suas herdeiras. O diretor daquele semanário escreve na sua crónica que a Comissão Eventual de Inquérito da Assembleia Municipal do Porto “está a acelerar vertiginosamente contra o antigo presidente da Câmara do Porto”. E acrescenta: “A suspeita é grave, tão grave que pode e será usada contra Rio, atacando-o no ponto forte, a sua reputação de seriedade, reputação que ele aliás usa como escudo protetor. Os documentos que vão sendo revelados indiciam que a Câmara alinhou então num negócio ilegal e secreto, tanto que Rio já remete o assunto para vereadores, o que não desmente o negócio, apenas o seu envolvimento. O caso pode e será usado contra Rui Rio, que ou o desfaz politicamente ou se desfaz politicamente nele.”

Resumindo e concluindo: a passagem de Rio pela Câmara do Porto começou por ser obra de um acaso altamente patrocinado por Fernando Gomes e foi depois invariavelmente marcada pela irritante arrogância da sua pretensa superioridade moral; o dito nunca deixando de contar com a disponibilidade menos limpa de ajudantes obscuros e obedientes para a execução do que fosse conveniente; o facto que vai surgindo como novo é o de que a pura verdade dessa passagem talvez possa parcialmente vir à tona e, com ela, a destruição de um mito surreal e muito interesseiramente alimentado...

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