terça-feira, 7 de maio de 2019

O INVESTIGADOR NA SUA INGENUIDADE SANTA


Confesso que nunca fui um grande convertido a Thomas Piketty, o economista francês que se tornou famoso com a publicação em 2013 de “O Capital no Século XXI” – um autêntico sucesso editorial (mais de um milhão de exemplares vendidos) que lançou várias pedradas intelectuais no charco da desigualdade global, procurando simultaneamente apresentar algumas propostas inovadoras e radicais sobre modos de a combater (incidindo essencialmente na dimensão tributária e com impactos largamente centrados nas grandes fortunas, nas empresas multinacionais e nas emissões de carbono). Nestes anos, Piketty tem andado por aí, ostentando notórios galões de esquerda e agitando as águas nas matérias que lhe são mais caras, entre as quais se integra também a questão europeia.

Pois, dei ontem de frente com uma entrevista de Piketty ao “Libération”, interessante a espaços mas confusa na sua essência e, a meu sentimento, talvez demasiado imbuída do pior daquele franco-francesismo que tão bem aprendi reconhecer por experiência própria. Seja lá como for, o facto é que ele anda agora às voltas com um manifesto que inventou com o fito de salvar a Europa (“tornar a União mais democrática e menos desigual”), quadro esse em torno do qual nos obsequeia com algumas reflexões meritórias e diversas ideias mais ou menos peregrinas (constam da infografia acima umas escassas escolhas ilustrativas): em síntese, do que ele nos vem falar é de um novo tratado, de impostos comuns e de uma espécie mal explicada de Europa a várias velocidades, entre outros tópicos. Pessoalmente, não julgo que ganhássemos muito se viessem a ser exploradas as principais vias que ele sugere.

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