terça-feira, 28 de maio de 2019

PARA ONDE VAI O EIXO FRANCO-ALEMÃO?


Na sequência do aqui afirmado no meu último post, insisto em sublinhar que a política europeia (re)ganhou por estes dias em interesse e potencial de renovado dinamismo. E é assim que, já hoje, o Conselho Europeu reúne para começar a abordar a decisiva questão dos top EU jobs, leia-se das Presidências da Comissão, do Conselho e do Parlamento e dos respetivos equilíbrios internos. Um bom dano colateral deste processo parece ser também claro, saldando-se por um verdadeiro curto-circuito no de há muito sempre badalado tandem franco-alemão (atualmente protagonizado por Merkel e Macron, que voltaram aliás a declarar publicamente em abril a sua convergência essencial em relação aos temas europeus e ao futuro da União). É certo que já tinham surgido indícios de que as relações vinham sendo esfriadas (abaixo, duas formas diversas de situar esse esfriamento), muito por via das afirmações e exigências contundentes de Macron quanto ao desenvolvimento desejável para o projeto europeu e da exasperante permanência de uma inércia alemã quanto aos passos necessários à boa continuidade desse mesmo projeto. Mas não o é menos que os números eleitorais que saíram no Domingo, além de afastarem o risco maior de um Parlamento eurocético e/ou de extrema-direita (apesar do seu peso e dos malefícios que dele podem advir em vários planos a serem orquestrados por Steve Bannon, Matteo Salvini e outros acólitos), vieram determinar a hipótese de um impulso adicional nessa linha de dissonância crescente, sobretudo na medida em que constituem um elemento fortemente incentivador no sentido de uma mudança de posicionamento por parte das restantes forças europeístas com assento significativo na câmara europeia (os Socialistas menos comprometidos com o passado austeritário, ou até vítimas do mesmo, os Liberais fortalecidos por Macron e os Verdes). Fica, pois, aqui assinalado esse momento que, se todos e cada um fizerem a sua parte, até poderá vir a revelar-se histórico...

(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)

(Jean Plantu, http://lemonde.fr)

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