sexta-feira, 25 de junho de 2021

ASTRAZENECADO TAKE 2

 

                                                (Pacientemente, no recobro dos 30 minutos)

(O Senhor Vice-Almirante criou para aí uma grande confusão anunciando com horário, depois das 18, a disponibilidade para antecipar a segunda toma da AZ, sem que as tropas estivessem preparadas, se fosse o pobre do Ramos a fazer isso era o cabo dos trabalhos, mas à segunda tentativa e em feriado de S. João este vosso amigo e a sua companheira ficaram AstraZenecados de vez. Cerca de duas horas depois estava online a obter o Certificado Digital, na sua modalidade de Certificado de Vacinação, na maior das tranquilidades, revelando um sistema a funcionar na perfeição. Sim, Clara Ferreira Alves, isto não está a funcionar mal.).

O Senhor Vice-Almirante, já um pouco na linha do “Tudo a monte e fé em Deus, para quem a tiver” resolveu anunciar com precisão horária, preferencialmente depois das 18 horas, que funcionaria o sistema de porta aberta para as antecipações da segunda toma da AstraZeneca, com o louvável intuito de corrigir o erro das 12 semanas e assim proteger um escalão etário crítico das novas variantes que estão para aí a emergir.

Ao que parece as tropas não estavam preparadas, ou por não estarem avisadas, ou porque a programação das chegadas das AZ ainda estava a decorrer. Por isso, na véspera de S. João e antes do jogo com a França procurei no Centro de Vacinação de Gaia (o Pavilhão Nelson Cardoso), muito bem organizado “in door”, a desejada AZ, não havia e preparei-me para uma ida diária ao sistema de porta aberta. Ontem, feriado de S. João, repeti a procura, desta vez com êxito, uma espera um pouco mais prolongada do que na primeira toma, claramente explicada pela coexistência dos processos de marcação horária e nominal e do processo de porta aberta para as segundas tomas da AZ, mas tudo nos limites do tolerável e expectável. E no interior do Pavilhão tudo funcionava com uma organização impecável. E de facto o que mais me espantou é que menos de duas horas depois estava a imprimir o Certificado Digital de Vacinação.

É para mim evidente que as complicações, esperas e contradições que os media têm relatado nos últimos dias, ufanos por poderem relatar algumas contrariedades pois isto estava a ficar demasiado bem organizado para os espirra canivetes mediáticos, resultam de uma coisa muito simples e que já aqui relatei. A coordenação e logística multinível é coisa que não dominamos bem, os nossos sistemas informáticos parece que emperram sempre com esta tentativa de sermos mais modernos e descentralizados, como se o vírus da centralização entranhada e empedernida assumisse forma vital e se transmitisse aos sistemas para provocar todas as contrariedades e confirmar assim a bonomia dos centralistas pour cause, “bem vos avisámos que isso ia acontecer”. Ou seja, as modalidades de “chamada por SMS, e-mail ou telefonema”, autoagendamento” e agora “sistema de porta aberta” combinadas e a funcionar em simultâneo são areia de mais para a nossa engrenagem. Passamos a ficar dependentes de improvisação intuitiva e sensata. Ontem, no meu caso isso funcionou. O sistema de receção nunca penalizou os agendamentos nominais e horários e por grupos de cerca de 20 pessoas que procuravam a segunda toma da AZ consultavam internamente os serviços para ver se havia vacinas e, perante essa confirmação, chamavam individual as pessoas que haviam entregue o cartão de cidadão e o boletim da primeira toma. Intuitivo, prudente e sensato e as pessoas compreenderam a espera. E o que me agradou ainda mais foi a elevada percentagem de gente nova na escala dos trinta a ser vacinados.

Tenho ecos que noutros locais não aconteceu assim. E que há mesmo centros de vacinação que não terão recebido ainda o eco comunicacional do Senhor Vice-Almirante. Não posso deixar de pensar se isto acontecesse com o pobre do Ramos, já teria sido linchado na praça pública. O respeitinho pela farda é muito bonito.

Apesar do bom ritmo da vacinação, estou pessimista quanto à evolução pandémica e as razões são sempre as mesmas. A ideia do equilíbrio otimizável entre contenção da disseminação de contágios e abertura-recuperação da economia é uma pura ilusão ou miragem, especialmente se a virmos desinserida do contexto evolutivo em que a vacinação se encontra. Até espanta a candura com que se promove a abertura da caça ao turista britânico, como se isso não pudesse ter consequências, como aliás as ruas (e os números) de Albufeira o demonstram de forma clara.

E se melhor evidência não houvesse para demonstrar que tudo isto não é apenas um problema de governação (por mais que a assanhada Clara Ferreira Alves entenda que é assim, sabe-se lá por que razões profundas), o nº 2 do nosso Estado democrático resolveu proclamar que está vivo e que se recomenda e que devemos rumar em massa para Sevilha para combater o De Bruyne, o Witsel (que saudades), o Lukaku, o Vertonghen e muitos mais.

Pois é disto que tenho mais receio, do ensandecimento coletivo, produzido pela degradação dos neurónios cansados de gerir e internalizar discursos contraditórios.

Que a Virgem de la Macarena nos ajude e, claro, ao Santos também.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário