domingo, 13 de junho de 2021

E SE OUVISSEM OS AVISOS DE MARCELO?

 
(André Carrilho, https://www.rtp.pt/play/p4088/spam-cartoon)

O discurso presidencial do último 10 de junho, celebrado na Região Autónoma da Madeira, esteve dentro da habitual qualidade que carateriza as intervenções de Marcelo (críticas políticas à parte, nos casos em que tal releva). Mas nele esteve também presente algo que não foi devidamente sublinhado pelos nossos comentadores de serviço, a saber, uma chamada de atenção para as aplicações da bazuca europeia no sentido de com elas se reconstruir o tecido social e “recriar espírito novo de futuro para todos”, por um lado, e se evitarem desperdícios e “uma chuva de benesses para alguns” (a exemplo do que “fizemos tantas vezes na nossa história, com o ouro, as especiarias, a prata, mais perto de nós com alguns dinheiros comunitários”), por outro. Um aviso à navegação que tudo indica que irá essencialmente cair em saco roto, quer porque as cartas estão marcadas (vejam-se as promessas ambulantes deste último mês e meio), quer porque é limitada a capacidade de verificação e controlo por parte da equipa de assessores presidenciais, quer porque os próximos três anos constituem a tábua de salvação propagandisticamente idealizada pelo Governo a que preside António Costa e um elemento determinante enquanto contributo, por arrastamento (ou vice-versa), para o desejado salto deste para uma carreira política europeia. E ainda que o Conselho Europeu só se vá pronunciar sobre a matéria no mês de julho, ou seja, já depois da Presidência Portuguesa, Ursula von der Leyen virá a Lisboa na próxima Quarta-Feira para lhe atribuir um prémio de consolação (a aprovação pela Comissão) e manifestar quanto pessoalmente abençoa uma concretização daquela vontade.

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