terça-feira, 1 de junho de 2021

JUNIUS

(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es) 

Junho será um mês de alguma importância para que se possa definir o grau de rapidez com que acontecerá a recuperação da economia portuguesa. Por um lado, porque os avanços no combate à pandemia (evolução da vacinação e seus efeitos no alcançar da imunidade de grupo) permitirão seguramente uma maior abertura em termos de atividade económica. Por outro lado, porque o PRR nacional poderá ou não ser aprovado em Bruxelas (Costa tudo fará para que tal aconteça dentro da Presidência Portuguesa) e assim facilitar algum cheque assinado antes do Verão (esta dependência dos pobres!). Acresce que as projeções macroeconómicas melhoraram esta semana, designadamente com as revisões em alta por parte da OCDE, e já levaram o ministro das Finanças João Leão a vir publicamente evidenciar um novo ânimo para enfrentar as atribulações que o esperam na preparação e negociação do próximo Orçamento de Estado.

 

Dito isto, eu continuo preso ao meu relativo pessimismo, apenas um tanto menor do que o negativismo absoluto e destemperado de Miguel Sousa Tavares (“Vai tudo correr mal”) quando salienta o seguinte: “A sobrevivência de um Governo que se mantém à conta das cedências constantes às chantagens financeiras dos seus parceiros de esquerda, num espectáculo ininterrupto e deprimente a que o resto do país assiste, impotente, sabendo que, no final, tudo se traduzirá em mais dívida e mais impostos, é um processo contínuo de captura da riqueza da nação a favor de despesa fixa, eterna e não compensadora do Estado. Podemos fazer um esforço para acreditar que todas essas medidas contêm em si as melhores intenções para combater as desigualdades e garantir o Estado social. Simplesmente, quando vêm para ficar para sempre e quando reclamam quase metade da riqueza do país não funcionam, antes pelo contrário — temos 40 anos de demonstração da sua inoperância em conseguir inverter o círculo de morte da nossa economia: a baixa produtividade, a ausência de capital para investir, a falta de competitividade devido à asfixia fiscal e os baixos salários, com origem, em grande parte, na mesma razão. Porém, não sejamos ingénuos — se o Inferno está cheio de boas intenções, o Paraíso prometido está cheio de aldrabões: os que querem um Estado cada vez maior, mais gastador, mais endividado, mais cobrador e mais senhor do jogo não o fazem inocentemente, só para defender os pobrezinhos. Fazem-no também, ou sobretudo, porque isso é o mais próximo que podem ter de um Estado totalitário numa democracia europeia.” Ao que ainda acrescenta: “Se não acreditam, olhem para os PRR de Portugal e da Grécia — a ‘bazuca’ e o ‘míssil’. Nós temos um plano cheio de boas e vagas intenções, que, depurado do palavreado inútil, se traduz nisto: o Governo vai distribuir o dinheiro segundo os seus próprios critérios, numa filosofia de “pai dos povos” e esperando, com isso, crescer 4% a 6% nos próximos cinco anos. A Grécia vai entregar todo o dinheiro a empresas e bancos que se comprometam a investir o dobro do que receberem em projectos avalizados pelo BEI e auditores internacionais, esperando os analistas externos um crescimento entre 8% a 20% e a criação de 200 mil postos de trabalho. Lá, acredita-se que será a economia privada e a sociedade civil a liderar a recuperação; aqui, mantém-se a fé nos mesmos parceiros de sempre, com as mesmas regras e o mesmo baralho para ir a jogo. Até mesmo 500 milhões de euros para mais estradas António Costa se gabou de ter impingido a Bruxelas...”


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