Na mesma edição do citado jornal dá-se também conta de outra história, a da revolução na administração da Mota-Engil em resultado do que se designa por “novo ciclo”. Sim, mas um novo ciclo que parece ser fundamentalmente um passo no sentido de uma venda a prazo a capitais chineses (provavelmente já contratualizada nos seus principais contornos) que, ajudando a resolver um problema familiar complexo por via do rendimento, serão simultaneamente capazes de assegurar importantes aberturas de mercados a uma construtora nacional que tem vindo a manter-se à tona num permanente exercício de equilibrismo entre um mercado nacional diminuto e instável e mercados internacionais cada vez mais competitivos e difíceis de tocar (têm já mais de vinte anos as minhas conversas político-institucionais com o Eng. António Mota sobre esta matéria e o desejável papel de uma diplomacia económica mais competente e atuante).
Aqui ficam dois de muitos exemplos possíveis de um caminho que infelizmente tudo indica que tenderá a ganhar expressão em Portugal. Um caminho de venda de ativos e consequente perda de capacidade de decisão nacional em amplos domínios da nossa atividade económica. Um caminho que necessariamente contribuirá para desperdícios em sede de aproveitamento de recursos humanos qualificados e de dinâmicas de investigação e inovação, gerando uma acrescida marginalização da posição portuguesa nas cadeias de valor à escala global e na economia mundial como um todo. Um caminho que só conseguiremos contrariar e/ou inverter se coletivamente o combatermos nos mais diversos planos que o tendem a impor, más políticas públicas incluídas.
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