Ao que parece, o último Conselho Europeu da Presidência Portuguesa foi duro e algo conflituoso, pelo menos nas palavras que os congéneres dirigiram a Viktor Orbán ainda a propósito da lei húngara sobre a proibição de referências à homossexualidade nas escolas. O mais afirmativo terá sido o holandês Mark Rutte, assim fazendo jus à tradição do seu país em matéria de liberdades individuais (que aliás conheci e experimentei de perto, não posso deixar de o sublinhar em nome da vida vivida, nos idos de sessenta e setenta do século passado!).
É claro que sempre podemos ir lembrando que as questões em torno da deriva populista e extremista de Orbán já vêm de longe na União e pouco têm produzido em termos de resultados a doer (apenas o abandono do PPE in extremis, isto é, quando os riscos sobre a credibilidade pública do maior partido europeu começavam a ganhar uma expressão descontrolada em razão das provocações do primeiro-ministro magiar). Mas não deixa também de ser claro que desta vez foi muitíssimo alargada a unidade revelada contra o dito (até com uma Ursula von der Leyen a não evitar um surgimento ameaçador em defesa dos valores europeus), além de que o assunto transbordou de um modo imprevisto para significativas franjas das opiniões públicas nacionais (o que é uma imensa oportunidade na atual conjuntura da construção europeia); a ponto de até o nosso “Expresso” ter assumido frontalmente a causa.
E é assim que insisto em repetir, com o devido orgulho civilizacional, que The Times They Are A Changin'; na expectativa de um recuo de Orbán que salve a face de uma União que objetivamente colocou toda a sua força declarativa em cima da mesa ou de uma qualquer atitude sancionatória visível que efetivamente contribua para castigar com consequências o prevaricador e reforçar o sentido de um todo que tanto se proclama e que tão poucas vezes age concretamente e a preceito.
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