De uma semana bastante prolixa em notícias promissoras, elejo o inesperado afastamento em curso do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu às mãos de uma ainda incompreensível coligação de oito partidos de muito diferentes matrizes políticas (podendo ir até à inclusão inédita de uma força muçulmana) — esperemos pela confirmação e pelos detalhes (essenciais) para dessa mudança podermos falar com mais propriedade, ainda que seja claramente reconhecido o facto de Israel ser um país que está devidamente armadilhado em relação a determinados tipos de movimentações políticas visando a introdução de mais do que alterações cirúrgicas em aspetos sensíveis da “soberania nacional”; não obstante, o simples registo da saída de Netanyahu, a acontecer, é certamente justificativo de um vivo regozijo.
Outros tópicos relevantes da semana foram a alteração da política de natalidade chinesa (pelo que indicia de dificuldades internas em crescendo), a resistência da “velha guarda” socialista espanhola ao indulto em estado adiantado de preparação por parte do governo espanhol (pelo que sinaliza de irrecuperável quanto ao isolamento de Sánchez) e a hipótese, abençoada por Joe Biden, de um acordo de tributação internacional mínima para empresas (pelo que significa de consciencialização sobre uma das questões simultaneamente mais complexas e mais decisivas na direção de uma ordem internacional mais justa, mesmo que ainda longínqua por falta de uma abordagem “sistémica” do problema e do seu principal elemento bloqueador, os offshores) — como vêm sustentando Joseph Stiglitz ou Gabriel Zucman, por exemplo, to save capitalism, tax the wealthy and shut down tax havens: já é em torno de uma salvação do capitalismo (e da sua dependência face à questão da tributação, entre maior harmonização e limitação da concorrência fiscal) que argumentam os pensadores mais progressistas.
(David Plunkert, https://www.foreignaffairs.com)
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