Encerro hoje aqui a atenção que dei às eleições intercalares americanas com uma nota positiva sobre o resultado do runoff realizado esta semana na Georgia, onde Raphael Warnock bateu o “trumpista” Herschel Walker por cerca de cem mil votos de diferença e garantiu a manutenção do controlo do Senado pelos Democratas (embora desta vez sem necessidade de recurso ao voto de qualidade da Vice-Presidente, visto que os “azuis” passam a deter um total de 51 senadores contra 49 dos “vermelhos” ou Republicanos).
Este desenlace constitui mais uma dificuldade para Donald Trump, um ex-presidente capaz de tudo (há dias chegou a sugerir que se “acabasse” com a Constituição do país para que pudesse ser reintegrado na Presidência, exigindo ainda a anulação ou repetição das eleições de 2020) mas em perda de popularidade no seio do partido e junto de uma boa parte da população americana; nestes termos, Trump arrisca que o anúncio de recandidatura em 2024 que já se apressou a avançar possa vir a tornar-se inviável, e não apenas por perda crescente de credibilidade junto dos seus correligionários e/ou concidadãos nem somente porque começam a surgir alternativas fortes ao seu nome (como a de Ron DeSantis) mas também porque está a braços com potenciais acusações graves em processos judiciais (quer do foro pessoal quer decorrentes da comprometedora documentação apreendida em buscas à sua mansão de Mar-a-Lago e do caso do ataque ao Capitólio que patrocinou) ― bom, bom, seria se o homem pudesse ser silenciado, tornado definitivamente inimputável ou até posto atrás das grades que as suas práticas mais do que justificam.
Tudo somado, e indubitavelmente, a situação política americana, permanecendo complexa e perigosamente incerta, parece ter mudado para bastante melhor no final destas midterms. Resta, todavia, saber se haverá mais luz nas zonas de penumbra (designadamente as relativas à escolha do candidato democrata de 2024), coisa que está muito longe de poder ser dada por adquirida. Confiemos!
Sem comentários:
Enviar um comentário