Fernando Santos foi à vida dele e ninguém que minimamente se interesse pelo futebol enquanto tal sentirá grandes saudades do personagem (excetuando talvez os inúmeros milagres com o Senhor de que é devoto imerecidamente o presenteou durante estes anos). Especialmente pela sua forma acabrunhada de estar, que nunca deixou de transmitir à montagem das suas equipas e à sua explanação em campo. Sim, mesmo sabendo que pacificou o ambiente dentro e em torno da seleção (verdadeiramente o seu melhor legado) e que venceu um Europeu e uma Liga das Nações (vitórias sobretudo resultantes de coincidências felizes e circunstâncias irrepetíveis, entre as quais um Cristiano Ronaldo a fazer a diferença ou um Éder a concretizar o golo de uma vida). Na verdade, se tivesse de fazer um apanhado objetivo e realista, diria que foram bem mais as vezes em que me incomodei a ver a equipa nacional do que aquelas em que com a mesma minimamente me empolguei. E depois há o Catar, onde Santos assumiu tardiamente a dispensa de Cristiano Ronaldo enquanto titular (ninguém me convence de que o fez apenas por boas razões táticas quando sempre protegeu o jogador até à exaustão, incluindo no arranque do torneio, até ao dia em que aquele, estando na mó de baixo, o confrontou publicamente) e se manteve “conservador” (ou incapaz?) na escolha de um lastimável desenho competitivo “espanhol” para a partida com Marrocos. E depois por fim, e isso também releva, o Santos deste ano revelou uma faceta que se lhe desconhecia em termos da transparência com que decidiu faturar o seu trabalho e da decência com que encarou as demandas do Fisco na matéria. Por tudo isto, o facto definitivo é que Santos não sai agora por uma porta tão grande quanto a que por várias vezes esteve ao seu alcance escancarar.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
BASTA DE SANTOS!
(a partir de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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