Estou claramente com Helena Garrido quando se refere ao ano que finda como “o ano em que o mundo mudou”. Porque estou realmente convencido que os anais da História do Século XXI assim rezarão quando a poeira assentar e o essencial, obviamente de bom (pouca coisa, convenhamos) e de mau (a infeliz dominante), vier definitivamente ao de cima por ganho de perspetiva temporal. Se a uma escolha houvesse lugar, mais do que a corajosa resistência do povo ucraniano à invasão de Putin teríamos de salientar o modo como esta já determinou uma irreversível nova situação geopolítica à escala europeia e internacional, a cuja gestação apenas começamos a assistir mas cujos limites estamos ainda longe de conseguir percecionar na sua plenitude ― embora passíveis de serem perscrutados em sucessivas ameaças nucleares, nas estruturais alterações das políticas de defesa de vários países (Suécia e Finlândia na NATO, Alemanha e Japão em militarização), nas dinâmicas repressivas e antidemocráticas em diverso curso e grau de maturação (da Rússia à China, da Turquia à Europa Central e Oriental, do Médio Oriente a Israel) ou nas medievais explosões anticivilizacionais que vimos observando no Irão e no Afeganistão ―, já para não referir os riscos associados às loucuras norte-coreanas, a sempre esquecida África (onde tanto de desconhecido ocorre e tanto potencial sobreleva), as tensões na generalidade da América Latina ou a duvidosamente duradoura acalmia por que passa a política externa americana sob a égide de Biden. Sim, 2022 pode ter sido o ano em que o mundo mudou.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
ADEUS A 2022
(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
(Ben Jennings, https://www.theguardian.com)
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