terça-feira, 20 de dezembro de 2022

O MUNDIAL QUE EU VI

Um breve fecho de contas, numa espécie de incursão finalíssima, sobre o Mundial do Catar. Não sendo um especialista encartado, assim apenas assentando num saber de experiência feita, aqui deixo umas breves notas impressivas e um balanço dos artistas.

 

As notas: um Mundial que em média me pareceu bastante mais bem jogado do que quando tem lugar no Verão, fim de época para a maioria dos jogadores de mais qualidade (porque jogam na Europa e apresentam, então, muito mais horas de futebol nas pernas); um Mundial em que as arbitragens não foram por acaso sujeitas às pressões excessivas de lances de difícil julgamento, mas ainda assim não terão estado em grande plano (houve mesmo árbitros que revelaram insuficiências graves); um Mundial que não teve nenhuma equipa absolutamente dominadora de início ao fim (a Argentina campeã até começou a perder com a Arábia Saudita!) e em que apenas os Países Baixos nunca perderam durante o tempo de jogo jogado (apenas acabaram eliminados pela Argentina nos Quartos-de-Final por pontapés de grande penalidade); um Mundial em que surgiram equipas habitualmente periféricas em bom ou muito bom plano (o caso de Marrocos imperou, mas tivemos também Japão e Coreia mais Senegal, Austrália e EUA nos Oitavos, com a especial proeza japonesa de vencer alemães e espanhóis no seu grupo e as relativas surpresas dos afastamentos uruguaio pelos coreanos e dinamarquês pelos australianos, nomeadamente, para além de algumas vitórias surpreendentes, embora classificativamente laterais, como as de Camarões sobre o Brasil ou da Tunísia sobre a França); um Mundial que redundou numa disputa referencial (solo habrá um rey, titulava o “As”) em torno de uma definitiva consagração de Messi (como veio a acontecer) ou de uma coroação iniciática de Mbappé (afinal tendo que se contentar com a mera tête haute do “L’Équipe” e a expectativa de um um trono futuro), com um infeliz Cristiano Ronaldo a assistir de fora e a dar lamentáveis mostras de muito pouca inteligência na gestão do seu termo de carreira. 


O balanço (mesmo não tendo visto os jogos todos mas admitindo ter podido observar o essencial): primeiro, os registos que se me afiguram merecidos da constância de Luka Modrić (que aos 35 anos ajudou brilhantemente a levar a Croácia às Meias-Finais, após quatro empates em cinco jogos), do momento defensivo determinante (que tudo poderia ter invertido) em que Emiliano Martínez negou categoricamente o quarto golo dos franceses já no final do prolongamento e do momento atacante mais belo por parte do brasileiro Richarlison no jogo contra a Sérvia (quero sublinhar que hesitei entre este e o de Neymar contra a Croácia, o terceiro de Messi-Álvarez contra a Croácia ou o de Mbappé na final).


(cartoons de Omar Momani, https://omarmomani.blogspot.com)

Para concluir, a minha subjetiva eleição de um “onze”, considerando necessariamente a classe e o peso das exibições de cada um, as circunstâncias do percurso das respetivas equipas, o grau e importância de participação em momentos decisivos e a juventude como elemento de desempate complementar. Teríamos, assim, os seguintes “titulares” (fotos baixo): Dominik Livaković (Croácia, Dinamo Zagreb); Achraf Hakimi (Marrocos, Paris Saint-Germain), Romain Saiss (Marrocos, Beşiktaş)Joško Gvardiol (Croácia, RB Leipzig) e Theo Hernández (França, AC Milan); Jude Bellingham (Inglaterra, Borussia Dortmund), Sofyan Amrabat (Marrocos, Fiorentina), Luka Modrić (Croácia, Real Madrid) e Lionel Messi (Argentina, Paris Saint-Germain); Hakim Ziyech (Marrocos, Chelsea) e Kylian Mbappé (França, Paris Saint-Germain). Junto ao dito “onze” cinco menções honrosas, que atribuo por grandes posições no terreno e surgem como uma primeira linha de “suplentes”: Emiliano Martinez (Argentina, Aston Villa), Cody Gakpo (Países Baixos, PSV Eindhoven), Azzedine Ounahi (Marrocos, Angers), Alexis Mac Allister (Argentina, Brighton & Hove Albion) e Julián Álvarez (Argentina, Manchester City). E, de forma necessariamente avulsa, os tais nomes que entendi não merecerem sair em claro na sua passagem pela competição em apreço: os guarda-redes Yassine Bounou (Marrocos, Sevilha) e Wojciech Szczesny (Polónia, Juventus), os defesas-centrais Marquinhos (Brasil, Paris Saint-Germain) e Harry Maguire (Inglaterra, Manchester United), o lateral Noussair Mazraoui (Marrocos, Bayern Munich), os médios Lucas Paquetá (Brasil, West Ham), Jamal Musiala (Alemanha, Bayern Munich), Rodrigo De Paul (Argentina, Atlético de Madrid), Enzo Fernández (Argentina, Benfica), Ivan Perišić (Croácia, Tottenham Hotspur), Marcelo Brozović(Croácia, Inter de Milão) e Mateo Kovačić (Croácia, Chelsea) e os atacantes Neymar Júnior (Brasil, Paris Saint-Germain), Richarlison (Brasil, Tottenham Hotspur), Antoine Griezmann (França, Atlético de Madrid) e Olivier Giroud (França, AC Milan). E, sublinhando ainda o facto de nenhum português me ter realmente enchido o olho, com estas me vou...


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