quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

OPERACIONALIZA-SE A ANUNCIADA MALDIÇÃO

(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es)

(Nicola Jennings, https://www.theguardian.com)

 

O prometido é devido e, com a especial ajuda de alguns artistas do desenho e dos jornalistas especializados do “Financial Times” (Martin Wolf, designadamente), cá estou eu a trazer adicionais provas do rotundo fracasso do Brexit e, por consequência, da língua de palmo com que os britânicos estão a pagar ― sendo de admitir que a procissão ainda vá no adro ― a sua incompreensível e oportunista opção de 2016. Nas últimas semanas, a comunicação social tem dado nota do caos que impera na saúde (área em que os partidários do leave foram especialmente demagógicos nas suas promessas de campanha referendária ― veja-se, a propósito, a notável imagem que abre este post), ao mesmo tempo que simultaneamente se observam, entre outros aspetos contrastantes, os seguintes: o facto de o Partido Trabalhista na oposição, e a liderar distanciadamente as sondagens, ter optado por encostar antes do tempo à onda de resignação perante o Brexit que então imperava e assim estar agora defrontado com o paradoxo do seu substantivo e autolimitador desalinhamento face à maioria dos cidadãos em arrependimento; a sempre tão valorizada força da libra visivelmente confrontada com tremidelas assaz significativas; o proclamado taking back control over the borders a saldar-se por evoluções inesperadas e surpreendentes (como, aliás, também ocorre em outras dimensões de uma objetivamente inviável retoma de controlo, engano que a vinheta mais abaixo ilustra de forma lapidar).


(Morten Morland, http://www.thetimes.co.uk)

 


(Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)

 

Por fim, e quanto as tendências comportamentais de certas variáveis macroeconómicas mais representativamente impactantes, atente-se em alguns sinais integrantes dos gráficos que seguem, sejam os de uma revelada insuficiência do crescimento (a única economia do G7 que ainda não venceu os níveis pré-pandémicos, por exemplo) ou os da péssima resposta dada pelo investimento, sendo esta excecionalmente limitador de um futuro capaz de prometer algo de minimamente próximo em relação ao que de mirífico os brexiteers garantiam estar no horizonte.

 

Ainda poderíamos adicionar outros elementos de pessimismo a todo este estado de coisas, como os associados às dificuldades comerciais externas (que igualmente vão colocando o Reino Unido numa defensiva de que não se perspetivam igualmente saídas airosas, sem prejuízo de algumas tentativas diplomáticas originais e potencialmente remuneradoras), e ou às marcantes tensões inflacionistas em irredutível presença. Uma situação arrasadora, convenhamos!



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