O “Público” está hoje de parabéns por reportar a sua manchete à problemática cada vez mais central dos imigrantes em Portugal. Mostrando, aliás com recurso ao excelente Relatório Anual do “Observatório das Migrações” (cientificamente dirigido por Catarina Reis de Oliveira), que a população estrangeira já contribui para a nossa Segurança Social com um valor líquido próximo dos mil milhões de euros.
O texto da peça em destaque, ocupando as três páginas iniciais do jornal, vai também no sentido de desconstruir algumas ideias feitas e, tudo indica, falsas quanto à perceção dos portugueses sobre a imigração (quer em termos qualitativos, quer em termos comparativos no contexto europeu), assim como sublinha importantes aspetos do que já está a ser e pode ainda vir a ser acrescidamente o lugar dos cidadãos de nacionalidade estrangeira no contexto de uma sociedade envelhecida e de escassa reprodutividade como a nossa (notável o exemplo de os nascimentos de mães não originariamente portuguesas já terem atingido 12,5% do total em 2021).
Neste quadro, o que falta é que existam políticas voluntaristas e estrategicamente orientadas para que estes fluxos se consolidem e possam desempenhar um papel determinante em termos de uma acumulação substantiva de “capital humano” e dos seus reflexos na dinâmica de criação de riqueza.
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