O inevitável sucedeu ontem à noite, já tarde: Pedro Nuno Santos (PNS) demite-se e abandona o Governo. A minha reação foi de alguma naturalidade mas também de bastante estranheza pelo facto de o ministro das Infraestruturas ter conseguido encontrar uma forma de sair airosamente de uma situação insustentável e em que a sua responsabilidade objetiva é enorme (nenhuma tutela de uma empresa pública, ademais com o currículo da TAP, pode ser exercida tão desligadamente, como se tornou manifesto estar a acontecer). Desilusão, pois, pela esfarrapada fuga em frente de um PNS que eu considerava ser o melhor de todos os putativos candidatos à sucessão de António Costa; pela frontalidade e transparência, pela coragem e determinação, pela preparação e convicção ideológica. Não obstante, e apesar de tudo, ainda lhe sobram alguns anos para consolidar a sua força no Partido Socialista e, desafio maior, a sua credibilidade (feita de uma maior moderação e de um menor repentismo) no País. Assunto a ir seguindo.
Quanto ao caso Alexandra Reis (AR), e deixando de lado outros aspetos que vão tendendo a emergir (como os das compras de aviões a preços acima do mercado ontem sugeridos por José Gomes Ferreira), ficam agora em aberto as restantes e bem necessárias explicações de processos e assunções de responsabilidade. O ministro das Finanças tem de vir a terreiro dizer aos portugueses porque escolheu para secretária de Estado do Tesouro alguém como AR, ou melhor, com o currículo recente da dita (saída da TAP com choruda indemnização e presidência da NAV) e sem qualquer especial qualificação para a função em causa. À CEO da TAP, protagonista de várias trapalhadas ao longo deste seu ano e meio em exercício, só lhe resta evidenciar um mínimo de derradeira decência e regressar a Paris (sob pena de tal ter de acontecer por imposição do futuro responsável ministerial). De António Costa esperar-se-á com escassa crença o mais duvidoso e complexo, dadas as suas caraterísticas pessoais e dado o seu modo de estar na política: um novo elã, ou seja, uma análise séria, consciente e participada da situação do País e das condições necessárias para a sua transformação e uma revisão profunda da estrutura do seu Governo e do mérito, competência e experiência (que não estritamente partidários) dos cidadãos a convidar para o respetivo desempenho no mesmo ― a alternativa é a continuidade de um “pântano” não só insuportável como principalmente arrasador de um qualquer futuro decente para a maioria dos portugueses, jovens e idosos, portadores de vulnerabilidades e diferenciadamente preparados, sujeitos à indesejável atratividade de novas correntes de emigração e forjadores de iniciativa.
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