segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

AUSÊNCIAS



Uma frente de trabalho bem dura que se vai reforçar praticamente até ao Natal e uns dias em Seixas com amigos para retemperar forças explicam as ausências destes dias.
Verdade seja dita e confirmada que a oeste nada de novo, pelo menos que justificasse o abandono da cavaqueira entre amigos para assumir o computador por uns momentos e puxar a inspiração.
A título lúdico, há apenas que assinalar a invasão pacífica de uma multidão imensa de galegos que tomou praticamente de assalto os centros urbanos transfronteiriços do Alto Minho, com alto relevo para o sortilégio da feira de Vila Nova de Cerveira, fervilhante, intensa, cada vez mais com produtos que também começam a ser vistos em algumas lojas da região, numa competição estranha e nem sempre justa.
O fenómeno deste tipo de feiras, claramente lúdico-comerciais, não o sei explicar cabalmente, mas tem algo de regresso ao espaço mais tradicional da feira - romaria de outros tempos, embora com outras tipologias de produtos e de vendedores.
E, nestes contextos, os galegos marcam o ritmo, explorando como ninguém os tempos disponíveis do calendário e contornando aparentemente o grande sarilho em que o espectro político espanhol está lentamente a mergulhar, com o PP de Rajoy em descida abrupta apesar da recuperação do mercado de trabalho mas fortemente acossado pelos casos de corrupção que medram como plantas em terreno fértil, um PODEMOS a começar a confrontar-se com a dura realidade das expectativas da governação e a perder gás nas sondagens e um PSOE que apesar de estar na liderança nem sequer ainda chega aos 30%.
Por cá, os 90 anos de Soares confirmam o seu papel central na história democrática portuguesa, qualquer que seja o nosso posicionamento em relação à personalidade, conglomerando os mais díspares posicionamentos políticos na sociedade portuguesa, juntando extremos.
Alberto João Jardim atira-se à liderança atual do PSD e escolhe o mote da destruição da classe média e pontaria não lhe falta, numa tomada de posição que toca surpreendentemente as teses de Pacheco Pereira sobre tal destruição, teses que gostaria de ver trabalhadas pelo PS de Costa.
Os tempos estão confusos e perturbadores para quem procura referenciais de ideias em pessoas também de referência e, à esquerda, as interrogações das futuras presidenciais, com regressos ao passado e à água que já não passa nas mesmas pontes que demonstram apenas o esvaziamento do espaço político de personalidades que possam assumir.
Bem precisamos de reganhar forças para navegar em tempos tão incertos.

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