Mais uma viagem de trabalho para o Funchal, de
fim de noite, impediu-me de ver com atenção o clássico e avaliar o que
significa, para lá das contingências do jogo, a vitória do glorioso. Previa o
pior, pois é tradição o empirismo de JJ perder para os que revelam maior
capacidade analítica de ver o jogo. Se calhar enganei-me em relação a
Lopetegui, talvez não seja o analista do adversário que pensei ser. Matéria
para observação futura.
Por isso, o post
de hoje gira em torno de leituras de avião, numa viagem que não chega a ser
longa, pois o Funchal está aí, próximo no meio do oceano.
A ideia dos estereótipos veio-me à cabeça a partir
de preconceitos de leitura que todos alimentamos em relação aos espanhóis. A siesta ocupa o lugar central desse
preconceito, a que se associa rapidamente o ritmo do trabalho, a largueza das
refeições, a movida e o gosto pela rua.
Ora, a rápida leitura do suplemento de domingo do
El País trouxe-me investigação empírica sobre as condições de trabalho dos
espanhóis em confronto com os seus colegas europeus. E a matéria que salta
dessa investigação é bem contrária ao nosso preconceito. Jornadas de trabalho
bem mais loucas do que as da média europeia, horas de sono bem mais curtas,
mulheres mais stressadas na sua dupla condição de guardiãs do alojamento e vida
profissional intensa, tudo apontando para um défice organizativo de grande
expressão.
Provavelmente também aqui partilhamos com os
nossos vizinhos as mesmas carências e tragédias de mau viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário