Daniel Deusdado e a “Farol de Ideias” propõem-se tomar todos os meses “o pulso ao País” em termos de “Sustentabilidade Social” através das respostas a perguntas selecionadas por parte de um painel permanente constituído por oito personalidades oriundas da Região ou nela tendo o seu foco principal de atividade. O resultado aparece nas páginas do “Jornal de Notícias”, como voltou a acontecer no passado Sábado.
Uma das duas questões desta vez formuladas dizia respeito ao chamado “caso BES”, sendo a propósito solicitada aos ditos membros do painel uma opinião reportada ao momento presente, i.e., depois das já verificadas intervenções públicas dos principais intervenientes. A leitura dos depoimentos obtidos é muitíssimo esclarecedora, seja sobre as pessoas em causa seja sobre o estado disto tudo.
Sugiro que nos debrucemos um pouco sobre as mencionadas réplicas. Começando pelos três homens com ligações preferencialmente empresariais (acima), uns confessando-se desinteressados e outros confusos, mas todos fazendo, cada um à sua maneira, aquele muito típico apelo justiceiro à centralidade das responsabilidades alheias, designadamente as que não terão sido exercidas pelas autoridades de supervisão, pelo Governo ou até por todos os intervenientes até agora ouvidos. E prosseguindo com o único institucional no ativo (abaixo), o qual opta por assobiar para o lado e retirar uma lição em torno da necessidade de proibir os bancos de participarem em sociedades não financeiras.
Seguidamente, os dois ex-ministros das Finanças. Ambos conhecedores, ambos experientes, ambos prudentes, cada um a seu modo e em função da sua circunstância. Um focando-se legitimamente na denúncia generalista da vergonha que nos atingiu a todos e quaisquer títulos, outro sublinhando vícios e falhas acionistas e a sua compreensão quanto às dificuldades da supervisão.
Por fim, as duas senhoras da amostra. Que, como justamente se diz ser apanágio do género, foram mais diretas (corajosas, dirão alguns). Mesmo referindo-se a assuntos que manifestamente conhecem mal, em teoria e/ou na prática, não abdicaram de se apresentar como treinadoras de bancada agitando lenços brancos à supervisão. Sendo que uma, apesar de crítica, ainda foi pondo alguns cremes amaciadores (“vários níveis”, “demasiado presa”, “estrita competência institucional”) mas a outra se fez mesmo ao Banco de Portugal com todos aqueles requintes de malvadez que só a ignorância/inconsciência consentem.
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