quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

AS REINCIDENTES ENTRANHAS DESTA EUROPA

(Gianfranco Uber, www.cartoonmovement.com)

Peço desculpa pela insistência mas o exemplo vem de cima, i.e., dos mais altos responsáveis europeus (com Frau Merkel na chefia da sala de costura). Recorro desta vez a um recém-divulgado e interessante relatório da “Standard & Poor’s” – afinal, os homens dos rating não se dedicam apenas a tropelias de encher o bolso! – cuja principal conclusão pode ser assim sintetizada: “Apesar de meia década de ajustamento e calibragem macroeconómica, os desequilíbrios internos à Zona Euro permanecem significativos”.


Entre vários outros, o relatório destaca ou permite destacar os seguintes quatro apontamentos particularmente relevantes:

· Espanha, Itália, Grécia e Portugal serão, no final deste ano, devedores ao exterior (dívida aqui medida pelos net external assets) de um total de 1,85 biliões de euros, um valor que compara com os 875 milhões de há dez anos e que equivale a cerca de 19% do output total da Zona Euro em 2013;

· utilizando aquela medida de alavancagem, é de 9 o número de economias da Zona Euro que se apresentam colocadas no sempre indesejável ranking das 15 mais endividadas do mundo;

· inversamente, as três maiores economias credoras da Zona Euro (de acordo com o mesmo critério) apresentam a brutalidade de uma posição externa líquida correspondente a 2,36 biliões de euros (343 milhões em 2004) – veja-se, no primeiro gráfico abaixo, a Zona Euro como a detentora do maior excedente mundial de transações correntes;

· o processo de reajustamento entre países devedores e credores na Zona Euro, que foi iniciado em 2008, conheceu algum estancamento a partir de 2012 e até já “parece na iminência de uma reversão” (veja-se o segundo gráfico abaixo).



E assim tenho de voltar à minha: a senda incorrigível desta Europa vai acabar por a levar a uma morte certa, sem prejuízo de morrer gordinha...

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