2015 perfila-se como um ano de desafios políticos
cuja abordagem devemos seguir com atenção, sobretudo do ponto de vista do
futuro das sociedades democráticas.
A emergência vertiginosa do PODEMOS em Espanha
está nesse grupo. Há uma força de opinião que sustenta que teremos
provavelmente um caso típico de ascensão e queda, determinado fundamentalmente
pelo conhecido momento-chave da contaminação dos partidos anti-sistema com os
meandros da governação ou, pelo menos, de um arremedo para consulta eleitoral de
programa de governação.
Não seria tão afirmativo quanto a esta matéria.
Entre as razões para a minha defensiva opinião
está um aspeto da emergência do PODEMOS que tem sido pouco debatido e que na
Espanha das nações assume particular relevância. Refiro-me especialmente ao impacto
que o PODEMOS tem exercido nas sociedades em que o regionalismo nacionalista é
mais forte.
Na Catalunha, a marcha de ascensão do PODEMOS
pode baralhar as contas e sobretudo capitalizar as dificuldades óbvias em que o
efeito corrupção da família PUJOL colocou o nacionalismo catalão. O velho e imóvel
nacionalismo catalão talvez fique indiferente à queda de um mito. Mas não
acredito que o nacionalismo mais jovem não seja afetado por tal processo. Atualmente,
o PODEMOS vale na Catalunha apenas 8% dos votos, o que parece sugerir que o
nacionalismo de inércia ainda resiste.
No País Basco, porém, a última sondagem conhecida
dá o PODEMOS como segunda força política da Região, apenas a um lugar de
deputado do Partido Nacionalista Vasco (PNV), com cerca de 25-26% dos votos,
captando influência na Izquierda Unida, na EH Bildu e no PSE. E em Navarra o
PODEMOS é atualmente maioritário.
Conhecida que é a influência do voto nacionalista
nas eleições nacionais espanholas e na composição do Parlamento espanhol, a
penetração do PODEMOS nos feudos nacionalistas pode baralhar definitivamente os
equilíbrios pós-eleitorais que, por vezes, o voto nacionalista permite.
Um bom motivo para seguirmos com atenção este processo
em 2015.
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