terça-feira, 8 de novembro de 2016

8 DE NOVEMBRO


É hoje! Ou melhor: saberemos hoje, ou lá mais para a madrugada de amanhã, se a loucura prevaleceu e se estaremos perante o guião de uma tragédia, i.e., que futuro se começará a desenhar para os Estados Unidos da América e, por essa via, para o mundo como um todo. É apenas nesse sentido que se pode afirmar que the end is near. Porque este episódio mais não é do que um primeiro, embora determinante, dos vários agendados para os próximos meses e para os quais o populismo mundial afia visivelmente os dentes – leia-se a propósito, e a título de ilustração especialmente feliz, o excelente artigo de Teresa de Sousa no “Público” de Domingo; onde se refere: “Desta vez, Marine, que excomungou o pai, preparou-se para ser a líder de um partido do sistema, arredondando as arestas mais escabrosas e reduzindo alguns decibéis à retórica racista contra os imigrantes, reservando-a aos de origem islâmica. Adoptou uma pose mais tranquila, quase “gaulliana”, dizem alguns analistas. Conseguiu que todas as sondagens lhe garantam um lugar na segunda volta, deixando em aberto apenas quem será o seu adversário. Só isso ajuda a medir a crise política francesa. Mas mantém intacto o seu combate contra a globalização, contra a Europa, contra o euro e, de um modo geral, a favor dos franceses “de souche” e da soberania nacional. Faz parte da vaga de amigos de Trump e de Putin que não para de crescer em muitos países europeus.”; e que termina assim: “No centro do mal-estar francês está um problema de identidade, que parece ir além das meras questões económicas. Macron, quando lançou o seu movimento ‘Em Marcha’, foi visitar em Orleães o túmulo de Joana d’Arc, a heroína francesa que costumava ser imagem de marca da Frente Nacional. Com a economia a patinar, nada consegue desviar os franceses da sua malaise identitária e europeia. A Europa sem a França e com o Brexit vai mergulhando lentamente na sua própria crise de identidade. A Comissão Juncker está em dissolução acelerada. Merkel enfrenta eleições difíceis e já deixou de contar com Hollande. Se Trump ganhar, os ‘salvadores da Pátria’ que pululam por aí sentir-se-ão de vento-em-popa. Podem provocar uma devastação política igualmente fatal. A Europa também corre o risco de se suicidar.”

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