(Graças à denúncia
de Dani Rodrik no seu blogue, cheguei à notícia da perseguição odiosa e tirana
que o presidente da Venezuela está a realizar ao Professor Ricardo Hausmann,
ilustre académico das questões do desenvolvimento económico)
Já lá vai o
tempo em que a experiência venezuelana despertava alguma simpatia, que foi
enterrada quando o “chavismo” foi
reduzido a uma espécie de santificação póstuma, para segurar a cópia canhestra e
tosca que Nicolás Maduro representa como herdeiro. O regime está condenado e só
a diplomacia da defesa da massa imensa de portugueses que labuta na Venezuela
pode justificar que em Portugal não se alimente uma posição bem mais firme de repúdio
da tirania desgovernada e corrupta em que o regime venezuelano se transformou.
A memória do que o “chavismo” conseguiu em termos de inversão da opressão a que
o povo venezuelano mais desfavorecido tinha sido sujeito já se esfumou há muito.
E a história mostra que a agonia destes regimes inicialmente revolucionários
acaba por voltar a oprimir os que constituíam a base de todo o movimento.
É neste contexto
de perigosa deriva para a supressão dos direitos democráticos que se insere a
perseguição política que Maduro tem conduzido a um dos mais estimulantes
economistas do desenvolvimento, com trabalho em todo o mundo, Ricardo Hausman
(Harvard Kennedy School). Dani Rodrik denuncia essa tirania e fá-lo divulgando
uma carta de repúdio assinada por um conjunto imenso de economistas ilustres da
academia americana e internacional do desenvolvimento económico.
Infelizmente,
nestes contextos, os regimes não caem de maduros, mas que o regime de Maduro
está perigoso disso não tenho dúvidas, alimentando um revanchismo que uma certa
elite urbana americanizada de Caracas servirá nas bandejas mais sofisticadas do
alto consumo. Até lá fica a denúncia de Rodrik, oportuna e justa.
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