segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CONSENTIDA OU COM SENTIDO?


Helena Sacadura Cabral (HSC, 82 anos no mês que vem) é uma conhecida cidadã portuguesa. Embora nem sempre seja especialmente apreciador de alguns dos pontos de vista que tem divulgado a partir da sua muito interventiva vida pública (nomeadamente em cerca de duas dezenas de livros muito desiguais em estilo, em foco e em substância), agradam-me o desempoeiramento e a abertura de espírito desta licenciada em Economia – que viveu dez anos com o arquiteto Nuno Portas e dele teve dois filhos publicamente notórios (Miguel e Paulo) – e tenho até mesmo de confessar que o que nela mais me causa rejeição é o facto de ser a mãe daquele filho mais novo.

A propósito do seu recentíssimo livro, um primeiro livro de memórias – “Memórias de uma Vida Consentida” –, HSC explicou-se no blogue “Delito de Opinião”, onde assinou um post intitulado “Auto Promoção” e escreveu designadamente: “O subtítulo de ‘uma vida consentida’ tem um duplo significado. Foi a vida que eu consenti e foi, também, creio hoje, uma vida com sentido.”

Confesso que não li o livro, mas compensei-o com a improvável atenção que dei à entrevista de vida concedida a propósito por HSC ao “Expresso”. E dela assinalei quatro momentos: o da significância fundadora das origens, bem referenciadas naquela mãe que lhe diz “nunca dependas de um homem!”; o da marca indelével dos amores e seus desencontros, bem consubstanciados naquele sentido “o que tive com ele [Nuno Portas] foi único”; o da incomparável força da maternidade, bem expressa naquele desabafo quanto à morte de um filho ter de ser vivida na intimidade; o das grandes sínteses pessoais, bem exemplificada naquele “não sou de direita, mas não sou de esquerda”.

E assim resultou melhorado o meu conceito de HSC, uma personalidade irrecusavelmente complexa mas seguramente bem mais densa do que por vezes deixa aparentar. As caixas abaixo ajudam a evidenciar isso mesmo e fornecem algumas boas razões de reflexão.




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