(A convite do
Correio do Minho, estive
hoje em Braga a discutir as relações entre o Minho e a Euro-Região, numa sessão
em que as dinâmicas empresariais de sentido novo foram o mote de alguma esperança)
O Correio do
Minho como organizador e a Câmara Municipal de Braga que acolheu a iniciativa foram
simpáticos em associar-me ao encontro “O Futuro do Minho” que teve hoje lugar
no Museu dos Biscainhos em Braga. O encontro estava organizado em 3 painéis, um
dedicado aos autarcas (Barcelos, Famalicão, Guimarães e Viana do Castelo), outro
às empresas (Bosch, Continental Mabor e Edigma, empresa top mundial na área dos
displays touch de grandes dimensões) e um outro centrado no Minho como eixo
potencialmente estruturante da Euro-Região. Do encontro fica essencialmente a relevância
de empresas como as três que corporizaram o segundo painel e a grande questão
que ficou no ar consiste em saber se a excelência dos três exemplos
apresentados de empresas globais e de outras que poderiam ser convocadas para um
encontro semelhante será suficiente para organizar e dinamizar o tecido de muito
pequenas empresas que continua a marcar o panorama industrial. António Marques
da Associação Industrial do Minho falou de 97% de empresas com menos de 10
trabalhadores.
O mote nas
dinâmicas empresariais que estão potencialmente a transformar o Minho encaixou
bem com o teor da minha intervenção que discutiu as relações do Minho com a
Euro-Região com o novo olhar que temos de manter sobre as dinâmicas
empresariais como objeto de aprofundamento da cooperação estratégica que a Euro-Região
pretende cultivar. Mostrei que o casamento entre as dinâmicas empresariais de
internacionalização (os exemplos das três empresas são reveladores desse
campeonato) que operam na economia global e geoestratégias territoriais como a
de uma possível Euro-região é difícil de consumar. São-no em geral e ainda mais
acentuados o são quanto mais o conceito de Euro-Região Galiza-Norte de Portugal
é frágil e incipiente:
- Um simples conceito para o mapeamento do Noroeste Peninsular?
- Um slogan político mais galego do que nortenho?
- Algo de exótico para a inteligência da Comissão Europeia cultivar?
- Uma consequência inevitável de uma proximidade (e cumplicidade) cultural?
E, para além
disso, há que considerar que a Euro-região é representada de modo muito
diferenciado consoante o ponto de observação. O termo é utilizado mais na
Galiza do que no Norte de Portugal. Mesmo na Galiza, a representação a partir
de Vigo é bastante diferente quando alimentada a partir da Corunha. E a
Euro-Região transfronteiriça também se diferencia.
É nesta Euro-região
frágil, incipiente e inconsequente em termos de políticas de geoestratégia
territorial que um Minho em transformação se quer afirmar.
Para medir a
sua transformação e fragilidades, utilizei na exposição o índice sintético de
desenvolvimento regional do INE referente a 2014 e publicado em 2016, com foco particular
no índice de competitividade. Para este índice, só 3 subregiões ultrapassam a média
nacional do índice: a aglomeração de Lisboa, a região de Aveiro e a Área
Metropolitana do Porto, por esta ordem. Logo a seguir e por curiosidade, surgem
os 3 blocos do Minho – Cávado, Ave e Alto Minho, à frente de regiões que julgaríamos
mais competitivas, como a região de Coimbra ou de Leiria.
Uma ideia final
para situar os termos em que a cooperação pode ser organizada a partir das dinâmicas
empresariais que estão a transformar o Minho. O princípio é simples. Por mais global
e internacionalizada que uma empresa seja (como as presentes hoje no segundo
painel), ela valoriza o seu entorno de proximidade e sobretudo a rede de
serviços e de centros de conhecimento de suporte à inovação. Essa parece ser a
unidade certa para estruturar a Euro-região, fazendo intervir o que alguns chamam
os ecossistemas de inovação, neste caso o ecossistema de Braga-Guimarães em
torno da Universidade do Minho, que o Engº Carlos Ribas da Bosch hoje tanto
elogiou na sua intervenção.
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