sábado, 5 de novembro de 2016

JOÃO LOBO ANTUNES


Do sexteto de “fabulosos irmãos Lobo Antunes”, todos homens e todos notáveis, só tenho o gosto de me ter cruzado com um (o número 4, Miguel, gestor cultural) e de conhecer dois: um pessoalmente – Manuel, o mais novo, que é um dos nossos melhores diplomatas –, o outro através dos livros – António, o mais velho, que é um extraordinário romancista de língua portuguesa. Não conheci, pois, o neurocirurgião que há dias desapareceu prematuramente e que suscitou por tal motivo reações de uma rara e genuína unanimidade e carga elogiosa – e se já nenhuma dúvida me restava quanto à competência profissional, à superioridade intelectual e cultural e à disponibilidade cívica de João Lobo Antunes, surpreendi-me ainda assim com a força tremenda da onda de consternação e de sentido coletivo que ficou associada a uma perda individual. Perda essa que as duas frases falsamente simples que escolhi para acima citar (a partir de uma das suas últimas entrevistas, ao “Expresso” no caso) demonstram sem de algo mais carecerem. Pessoalmente, só nunca compreendi o que poderá ter levado um ser tão espesso e diferenciado a apoiar presidencialmente uma figura da grandeza de Jorge Sampaio e outra com a pequenez integral de Cavaco – sublinho sem dúvida uma minudência nesta hora do adeus, mas afinal ela apenas confirma a inevitável existência de insondáveis razões a provirem da razão humana...

Sem comentários:

Enviar um comentário