(É uma ironia que,
em tempos de tiro às elites, seja um membro ilustre dessa elite a publicar o
que me parece ser o alerta mais profundo para os perigos das derivas nacional-populistas
que não temos sabido dominar, pelo menos no âmbito do pensamento europeu…)
Foi
seguramente um Jorge Sampaio cansado mas convicto do rigor da palavra e
sobretudo da justeza do alerta que escreveu o ensaio que ontem o Público publicou. Sampaio pertence também seguramente aquelas elites que nunca
exploraram o piscar de olho fácil e popularucho para uma ligação identitária à população
eleitora e cidadãos em geral. Não tem por outro lado a maneira de estar inconfundível
de Marcelo na sua empatia espontânea com diferentes franjas da população. Mas
foi um Presidente que me encheu de orgulho e profundo nas suas convicções pelo
menos pelo que pude confirmar em três momentos de convívio mais direto e
pessoal que tive com ele ao longo da minha vida. E um Presidente que, na sua
reforma presidencial, foi incansável pelo seu apego a algumas causas mundiais,
de grande dádiva pessoal numa época da sua vida em que o repouso seria a solução
mais sensata para os seus problemas de saúde.
A esquerda
social-democrata que precisa de se reinventar para recuperar a sua identificação
com os problemas dos mais atingidos pelas deriva do mundo e da globalização
precisa de pensamentos como o de Jorge Sampaio e estou em crer que terá energia
suficiente para ser protagonista na reflexão interna de país a que ele nos convida
para nos orientarmos neste mundo à deriva.
O ensaio
ontem publicado no Público honra a classe política e o exercício desta última.
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