terça-feira, 15 de novembro de 2016

O APELO DE SAMPAIO




(É uma ironia que, em tempos de tiro às elites, seja um membro ilustre dessa elite a publicar o que me parece ser o alerta mais profundo para os perigos das derivas nacional-populistas que não temos sabido dominar, pelo menos no âmbito do pensamento europeu…)

Foi seguramente um Jorge Sampaio cansado mas convicto do rigor da palavra e sobretudo da justeza do alerta que escreveu o ensaio que ontem o Público publicou. Sampaio pertence também seguramente aquelas elites que nunca exploraram o piscar de olho fácil e popularucho para uma ligação identitária à população eleitora e cidadãos em geral. Não tem por outro lado a maneira de estar inconfundível de Marcelo na sua empatia espontânea com diferentes franjas da população. Mas foi um Presidente que me encheu de orgulho e profundo nas suas convicções pelo menos pelo que pude confirmar em três momentos de convívio mais direto e pessoal que tive com ele ao longo da minha vida. E um Presidente que, na sua reforma presidencial, foi incansável pelo seu apego a algumas causas mundiais, de grande dádiva pessoal numa época da sua vida em que o repouso seria a solução mais sensata para os seus problemas de saúde.

A esquerda social-democrata que precisa de se reinventar para recuperar a sua identificação com os problemas dos mais atingidos pelas deriva do mundo e da globalização precisa de pensamentos como o de Jorge Sampaio e estou em crer que terá energia suficiente para ser protagonista na reflexão interna de país a que ele nos convida para nos orientarmos neste mundo à deriva.

O ensaio ontem publicado no Público honra a classe política e o exercício desta última.

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