(Manhã de sábado
com Amadeo no olhar, numa
exposição do Museu Soares dos Reis, sob a orientação de Raquel Henriques da Silva,
que para além do génio do pintor, nos transporta no tempo para um espaço que deveria
representar um Porto vibrante …)
Como infelizmente
não tive a graça de ver a exposição no Grand
Palais de Paris, o tempo das viagens não é mais o que era, o grande momento
de fascínio pela obra de Amadeo foi a grande exposição que a Gulbenkian promoveu
sobre o pintor já há alguns anos. Aí foi revelação de 30 ano de vida de puro génio
e onde pude confirmar a tese que alimento há muito tempo, a de que o génio
português precisa de fertilização das ideias de vanguarda que grassam pelo
mundo e que os portugueses que se distinguem são os que zarpam à procura dessa
influência e não os que permanecem com o seu eventual génio por cá, estamos
todos bem.
Mas a
exposição do Museu Soares dos Reis despertava-me curiosidade, até porque ela
pretende como que reconstituir as duas únicas exposições que Amadeo fez em
Portugal, com aquela espantosa polivalência que o pintor irradiava, cuja
principal evidência (não documentada na exposição) é o portfólio que Amadeu
organizou tenazmente e que distribuiu por todo o mundo e por todos que tinham
na época uma palavra a dizer sobre a avaliação de uma obra. E as expectativas não
foram goradas. É sobretudo relevante perceber o que foi o impacto e a controvérsia
da exposição no Porto, o entusiasmo depois de Almada Negreiros com a exposição
em Lisboa e, para um homem do Porto, o fascínio que é imaginar o que seria o
espaço vibrante do Jardim Passos Manuel, algures entre as traseiras do Majestic
e o Coliseu.
Não é a
mesma coisa, de facto, imaginar o espaço de animação do Jardim Passos Manuel
com a obra de Amadeo ou imaginá-lo simplesmente, sem a referência aos conteúdos
de animação.
Uma boa malha
como se diz do Museu Soares dos Reis que, como museu nacional na segunda cidade,
enfrentará sempre as agruras do orçamento. Algumas paredes ameaçam humidade
intrusiva, algo preocupante, pelo que os portuenses deveriam animar-se mais em
torno deste espaço único na Cidade, pois o Porto não é apenas Serralves e a
Casa da Música.
Por falar na
casa, na sexta-feira à noite a estreia no Porto da violinista Alina Ibraginova
no concerto para violino e orquestra nº 1 de Chostakovitch foi algo de excecional, com a Orquestra Sinfónica
do Porto em alta no Concerto para Orquestra de Bela Bartok. Expectativa alta
para o concerto da próxima terça-feira.
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