domingo, 13 de novembro de 2016

AMADEO NO JARDIM PASSOS MANUEL




(Manhã de sábado com Amadeo no olhar, numa exposição do Museu Soares dos Reis, sob a orientação de Raquel Henriques da Silva, que para além do génio do pintor, nos transporta no tempo para um espaço que deveria representar um Porto vibrante …)

Como infelizmente não tive a graça de ver a exposição no Grand Palais de Paris, o tempo das viagens não é mais o que era, o grande momento de fascínio pela obra de Amadeo foi a grande exposição que a Gulbenkian promoveu sobre o pintor já há alguns anos. Aí foi revelação de 30 ano de vida de puro génio e onde pude confirmar a tese que alimento há muito tempo, a de que o génio português precisa de fertilização das ideias de vanguarda que grassam pelo mundo e que os portugueses que se distinguem são os que zarpam à procura dessa influência e não os que permanecem com o seu eventual génio por cá, estamos todos bem.

Mas a exposição do Museu Soares dos Reis despertava-me curiosidade, até porque ela pretende como que reconstituir as duas únicas exposições que Amadeo fez em Portugal, com aquela espantosa polivalência que o pintor irradiava, cuja principal evidência (não documentada na exposição) é o portfólio que Amadeu organizou tenazmente e que distribuiu por todo o mundo e por todos que tinham na época uma palavra a dizer sobre a avaliação de uma obra. E as expectativas não foram goradas. É sobretudo relevante perceber o que foi o impacto e a controvérsia da exposição no Porto, o entusiasmo depois de Almada Negreiros com a exposição em Lisboa e, para um homem do Porto, o fascínio que é imaginar o que seria o espaço vibrante do Jardim Passos Manuel, algures entre as traseiras do Majestic e o Coliseu.

Não é a mesma coisa, de facto, imaginar o espaço de animação do Jardim Passos Manuel com a obra de Amadeo ou imaginá-lo simplesmente, sem a referência aos conteúdos de animação.

Uma boa malha como se diz do Museu Soares dos Reis que, como museu nacional na segunda cidade, enfrentará sempre as agruras do orçamento. Algumas paredes ameaçam humidade intrusiva, algo preocupante, pelo que os portuenses deveriam animar-se mais em torno deste espaço único na Cidade, pois o Porto não é apenas Serralves e a Casa da Música.

Por falar na casa, na sexta-feira à noite a estreia no Porto da violinista Alina Ibraginova no concerto para violino e orquestra nº 1 de Chostakovitch  foi algo de excecional, com a Orquestra Sinfónica do Porto em alta no Concerto para Orquestra de Bela Bartok. Expectativa alta para o concerto da próxima terça-feira.

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