sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O MURO




(Continuando no registo de como o universo New Yorker foi particularmente abalado pela vitória de Trump, mas a história não acabou)

A capa da New Yorker que sairá no início da próxima semana simboliza bem o que a invasão do conservadorismo republicano pode representar e que tem na eleição de Trump uma grande oportunidade para cobrir a América do que de mais rançoso existe em matéria de ideias para governar as sociedades.

A imagem do muro é brutal, não apenas porque lembra os muros que o candidato se propôs construir, mesmo que possamos duvidar da sua exequibilidade, mas também pelo que representa de bloqueio às aspirações de tolerância, de redistribuição, de proteção social, de dignidade humana.

Dizia ontem Pacheco Pereira que simpatiza com os votos de mudança, sim mas quem os não aprecia, como fator de resiliência dinâmica da democracia? O paradoxo é que a reivindicação dessa mudança foi reduzido a um voto instrumental, e o mais trágico disto tudo é que muito provavelmente serão alguns dos que votaram instrumentalmente pela mudança que vão sofrer na pele o avanço inexorável do conservadorismo

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