As municipais brasileiras deram o esperado: recordes de abstenção, guinadas à direita, ratificação do “golpe” protagonizado por Temer e seus pares e encolhimento do PT. A síntese das sínteses fica bem ilustrada no gráfico acima, onde se constata o brutal recuo de representatividade sofrido pelo Partido dos Trabalhadores de Lula e Dilma – tantos estragos depois, o PT encontra-se hoje reconduzido a uns sintomáticos níveis próximos dos que detinha no início do século. Ou seja: resta agora às forças impolutas da esquerda brasileira assumir os erros em seu nome cometidos, gerir cuidadosamente os danos de imagem e recomeçar quase tudo de novo num quadro necessariamente paciente e estrategicamente focado – porque vai demorar umas décadas até que possa voltar a ser ouvida e a andar de cabeça erguida; enquanto isso...
(Ernani
Diniz Lucas – “Nani”, http://www.nanihumor.com)
Sim, enquanto isso os sinais vão sendo inquietantes. Por exemplo: talvez ainda não se tenha prestado a devida atenção a mais um daqueles factos que vão alimentando a insanidade e a perigosidade deste nosso mundo, a saber, o de a “Cidade Maravilhosa” ter sido tomada eleitoralmente de assalto por “um entertainer do fanatismo religioso” (citando um blogue concorrente). Marcelo Crivella, sobrinho do líder espiritual da IURD e bispo desta mesma crença (além de um comercialmente consagrado cantor gospel), é o novo prefeito de São Sebastião do Rio de Janeiro. O mapa eleitoral da cidade (imediatamente abaixo) é bem revelador de como vai concentracionariamente evoluindo a realidade sociológica das grandes metrópoles mundiais – no caso, foram apenas a mais cosmopolita Zona Sul e algumas pequenas áreas circundantes as que registaram uma minoria de votos para Crivella, personagem que no total não ficou longe de uns enormes 60% (pese embora uma muito significativa abstenção). Tudo aponta para que a frequência do Brasil não vá continuar a ser das mais recomendáveis.
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