quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O SINTOMA E A CAUSA



Hoje dormi muito depressa, o dia foi pesado e a disposição também não é das melhores. Mas ainda me sobra energia bastante para aqui deixar duas curtas notas relevando de alguma estranheza.

A primeira surge traduzida na imagem acima e evidencia a improvável mas real coincidência de me ter retirado para umas breves quatro horas de sono e acordado exatamente cinco minutos antes do momento final em que, após o telefonema de reconhecimento de derrota que recebeu de Hillary, Trump se fez consagrar perante os seus.

A segunda veio-me de uma chamada de atenção da minha filha mais nova quanto à posição twittada de um amigo (aliás filho de uma figura nacional da esquerda dita radical) sobre o que estaria em causa nas eleições americanas – assim: “Trump é um sintoma da realidade que vivemos, Hillary é uma causa dela e representa tudo o que de mal há na política”. Uma posição que parece fortemente inspirada nas declarações do cientista social esloveno Slavoj Žižek (um heterodoxo conhecido pelas suas referências marxistas, hegelianas e lacanianas e tido por se situar mais preferencialmente à esquerda do espetro político) em defesa do voto em Trump; nestes termos: “Estou horrorizado com Donald J. Trump. Mas penso que Hillary Clinton é o verdadeiro perigo.”

Nesta já adiantada fase do meu campeonato ideológico-político apenas posso confessar quanto me parece que algo de muito determinante me está seguramente a escapar – este mundo não é para velhos?

(Yannis Antonopoulos, http://www.cartoonmovement.com)

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