sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

E AGORA MARIANO?




(A sondagem de hoje da Metroscopia coloca o CIUDADANOS acima do PP, no reflexo da aceleração que a crise da Catalunha introduziu na situação política espanhola. Sabemos que Rajoy não é propriamente um bólide de aceleração rápida e ninguém ignora o seu papel aglutinador de um PP em frangalhos. Mas o seu poder de aglutinação parece perder massa crítica.)

O tempo está para surpresas. Nunca imaginei que a aceleração do tempo político espanhol fosse tão intensa a partir das peripécias catalãs. Tinha intuído que o PP perderia o pé, acossado por três pressões: a do seu desaparecimento na Catalunha como força política, a dos escândalos de corrupção que brotam dos meandros do partido e a da modernidade que transparece do modo de estar na sociedade espanhola do CIUDADANOS. Mas não à velocidade que as sondagens de hoje da METROSCOPIA (link para o El País) com todas as suas limitações e incertezas sugerem que está efetivamente a acontecer. Os dados publicados colocam o CIUDADANOS à frente como principal força política em Espanha, sugerindo que a direita está disposta a cortar os laços históricos com o PP e dar a oportunidade ao partido de RIVERA para disseminar uma outra imagem de modernidade. E não é só a dianteira que conforta o CIUDADANOS. O PSOE parece ter estancado a sua progressão e sobretudo a sua capacidade de recuperar eleitorado junto do PODEMOS. A não ser que o PSOE dê uma mão ao PP, o que seria um suicídio assistido para si próprio, o CIUDADANOS de Rivera parece ganhar o estatuto de elemento motor da evolução política espanhola, tanto mais que pode acenar com o elemento de força política mais votada na Catalunha e em Espanha, o que não é coisa pouca. No PP parece resistir a tal Espanha sociológica profunda que não se revê em qualquer outra aventura política e que esta á disposta a perdoar os devaneios da corrupção e porque não molhar o bico nesse processo se necessário.


Embora me doa a estagnação do PSOE, não pelas personalidades de hoje, mas antes pela força de outras personalidades que o povoaram em tempos anteriores e lhe deram o tal patine de modernidade que durante longo tempo apreciei. Tudo o que vem depois de Zapatero e este mesmo parece estranhamento seduzido por uma proximidade a Nicolás Maduro (vá lá perceber-se o desatino) anunciava senão o descalabro, pelo menos a estagnação entediante e pouco atrativa do ponto de vista de uma dinâmica de mudança. Pode o CIUDADANOS ser essa força dinâmica que baralha e torna a dar, oferecendo à política espanhola novos horizontes e alternativas? Se o puder ser, de mal o menos. É que Portugal precisa de uma Ibéria estimulante e não um fim de ciclo de pantufas.

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