(Agora que o Congresso do PSD caminha para o fim, muito
pouca coisa de relevante fica, a não ser a dúvida estratégica crucial que
consta do título deste post. Para além disso, minudências, só minudências,
com a comunicação social danada pela reduzida matéria de pequeno sangue que lhe
foi proporcionada.)
Em posts anteriores, defendi que a grande questão que ficaria a pairar
sobre o Congresso e sobre os próximos dois anos de Rui Rio seria a retirada
estratégica do pensamento que suportou a ideia de Passos Coelho e seus ideólogos
de instrumentalizar os favores da Troika para destruir o que eles consideram
ser o Portugal arcaico. Ao não se apresentar às eleições primárias e esconder-se
numa candidatura generosa de Santana Lopes que dava para tudo, essa alternativa
ideológica para o PSD não poderia deixar de pairar sobre o Congresso. A
intervenção de Luís Montenegro assumiu esse papel. Retirar-se de cena com algum
estrondo, marcar posição e lugar para o futuro, sem qualquer auto-análise crítica
do PSD na oposição que alimentaram durante dois anos, não é lá grande coisa. E o
Montenegro que me perdoe, mas não consigo perceber onde está a tal consistência
de que muitos falam a propósito deste advogado da nossa praça, com pronúncia do
Norte. Se a grande alternativa futura do PSD passa por este tipo de personagens,
desejo-lhes a maior sorte. Isso não encaixa com a alusão ouvida pelos corredores
do Congresso de que o PSD tem de recuperar personagens e estatutos relevantes
da sociedade portuguesa e trazê-los de novo para a política ativa.
Com a alternativa de
direita a banhos nas suas vidinhas, a alternativa recentrar o PSD ou assumir a
direita segue dentro de momentos e fica dependente do que Rio conseguir alcançar
nos próximos tempos, a começar pelas Europeias, onde até pode ter um resultado
promissor se entregar o processo a Paulo Rangel. A posição defendida por
Pacheco Pereira de recentrar o partido, corrigindo o tiro de Passos Coelho e
seus apoiantes parece momentaneamente ter ganho posição, mas esta ideia de chamar
Santana para uma combinação de listas para o Conselho Nacional não a fortalece.
É uma grande misturada e já não há pachorra para aqueles discursos moralistas e
pseudo-afetivos de Santana.
Por isso, do Congresso
ficam, para além da intervenção de posicionamento futuro de Montenegro, minudências
como a de colocar Paulo Teixeira da Cruz à beira de um ataque de nervos com a
chamada de Elina Fraga, ex-bastonária dos advogados e as pequenas e costumeiras
revoltas das distritais quando definidos os lugares se percebe que há poucas
cadeiras para tantos bailarinos.
Creio que é pouco para
quem precisava de forte embalagem para dois anos difíceis. Curiosamente, a frente
estreita que se abre a Rio foi bem identificada por António Lobo Xavier no último
Quadratura do Círculo, quando identificou as margens de manobra para uma
reconsideração do papel do Estado em Portugal que Rio poderia protagonizar como
alternativa de poder ao PS, apoiado ou não à esquerda.
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