quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

GUINDADO, COMO NO?

(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

Luis de Guindos (LdG) apareceu com 2011 a terminar, quando a crise europeia estava no auge e a situação financeira da Espanha aproximava perigosamente o seu país do grupo dos pigs do Sul. Nada parecia recomendá-lo, nem politicamente nem tecnicamente, para que viesse a andar pelos corredores de Bruxelas durante seis longos e diversificados anos. Mas o facto é que o homem lá se segurou. Quer porque lá foi apreendendo os códigos e os meandros da política europeia, quer porque lá se soube abrigar dos variados e bem grossos pingos de chuva que foi enfrentando, quer porque lá foi tecendo as suas relações pessoais e construindo os seus multidirecionados compromissos, quer porque lá conseguiu que finalmente acabasse por chegar o dia em que iria reverter a favor da sua imagem os impactos virtuosos da presente reviravolta do ciclo económico. Pelo meio, quase ia estragando tudo quando tentou precipitadamente a sua sorte com vista a liderar o Eurogrupo em 2015, mas os alemães ajudaram-no ao não deixarem cair o aliado social-democrata holandês que então tão bem os servia. A odisseia de LdG chega agora ao seu happy end: com efeito, numa Europa pautada pela lógica assética e resultadista que hoje nela está instalada, a paciência e a persistência que LdG estoicamente revelou, ao longo de todo este tempo, só podiam culminar num merecido e bem remunerado prémio: a nomeação – perfil e qualificações curriculares postos de parte – para que substitua Constâncio na vice-presidência do Banco Central Europeu a partir de maio.


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