quarta-feira, 13 de novembro de 2019

ONDE VAI DESAGUAR ESTE RIO?


Rui Rio é um personagem dotado de bastante senioridade na política nacional mas o que é certo é que, quanto mais ele se vai mostrando nos palcos da nossa vida pública, mais vã se torna qualquer tentativa de o compreender. A justificação do que afirmo não precisa de ir muito atrás no tempo, a tempos em que impôs uma implacável lógica de desfiliação no PSD ou em que esteve na Câmara do Porto em constantes atitudes de declarada conflitualidade em relação a tudo o que mexia; bastará apenas observar o facto mais recente do modo como ele assumiu o comando do PSD para por lá ir estando adormecido (sem prejuízo de momentos de rotura como o que ocorreu com Castro Almeida) até se decidir a aparecer em campanha eleitoral e aí enfrentar António Costa de modo combativo e bastante eficaz, a ponto de o ter chegado a assustar quanto ao resultado. Depois ficou em reflexão e acabou por avançar para uma recandidatura à liderança do PSD, quadro em que optou por agora agitar mais uma das suas verdades inconvenientes por via da declaração de que quer que o partido se foque para as autárquicas de 2021 mas que não será provável que disso decorra mais do que uma boa recuperação (que não uma vitória). Estranho modo de ser e de estar! É que, por este andar, se não se cuidar e atalhar caminho, Rio poderá acabar esta sua incursão partidária a só lograr vencer a já conseguida eleição do grupo parlamentar!

(R. Reimão e Aníbal F, “Elias O Sem Abrigo”http://www.jn.pt)

Já o seu principal opositor interno, Luís Montenegro, não perdeu a ocasião de imediatamente o vir contrariar, substituindo um discurso realista (?) por um discurso voluntarista em que pretende mobilizar as hostes com promessas de vitórias para doze anos seguidos. Demagogia à parte, Montenegro parece estar a somar apoios (hoje foi Aguiar-Branco) e a consolidar uma presença constante na comunicação social. Não conheço a realidade laranja e não sei, por isso, avaliar probabilidades. Mas sei que o que importa verdadeiramente é o que está em causa no essencial e tal tem tudo a ver com a estratégia propugnada por cada um para o PSD, esta última mais afirmativa, mais isolacionista e mais direitista por diferença em relação à de Rio, mais gradualista, mais aberta e mais centrista. Este combate, apesar de aparentemente fechado e portador de vários toques de mau gosto, comporta em si o elemento que mais determinantemente configurará a evolução da política portuguesa nos próximos anos – nada será igual em Portugal no caso de vitória de um ou de outro...

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