terça-feira, 19 de novembro de 2019

QUINTAS & QUINTAS


Era uma morte de há muito anunciada, a do Grupo Quintas & Quintas (Q&Q) com base na Póvoa de Varzim. Sinto-a especialmente porque conheci bem o grupo e vários dos seus principais responsáveis. A queda é um sinal dos tempos que se vivem mas também a demonstração de muito do que não deve ser feito em matéria de gestão empresarial, designadamente quando estão também em presença inúmeros e multifacetados laços familiares. Não querendo aqui dissecar vários daqueles erros e omissões, por manifesta irrelevância neste contexto e falta de espaço útil para tal, limito-me a assinalar três coisas: (i) que Nelson Quintas não merecia isto, ele que teve oportunamente a visão de se separar dos irmãos e sobrinhos; (ii) que o grupo chegou a desempenhar papéis relevantes na nossa pequena história industrial (designadamente nos setores da cordoaria e da metalomecânica) e em planos socialmente salientes da sua inserção regional e local; (iii) que o grupo ainda ensaiou a saída possível no Brasil (João Pessoa e Belo Horizonte), entre finais do século passado e inícios do atual, mas foi nisso trucidado por alguma incapacidade de abertura a uma gestão profissional, por alguma pressa e excesso de ambição, por alguns aproveitamentos indevidos e, no final, por alguns falsos amigos (talvez bem intencionados mas completamente desfasados do essencial) – depois disso, viveu em cuidados continuados que lhe garantiram uma sobrevivência que acabou por ir além do razoável. Paz à alma de Q&Q, um notável caso de estudo a reter no bom e no mau sentido.

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