Foi relativamente rassurante a votação de ontem do novo colégio de comissários europeus no plenário do Parlamento Europeu em Estrasburgo. Sobretudo porque conseguiu juntar uma larguíssima maioria das forças políticas pró-europeias (PPE, S&D e liberais) nos 461 votos contados a favor (bem mais do que tinha conseguido Ursula von der Leyen (UvdL) para a sua designação de julho e também mais do que obtivera Jean-Claude Juncker há cinco anos), dando assim a ideia de um cerrar de fileiras europeísta e democrático que é especialmente de saudar nestes tempos conturbados, desligados e populistas. Mas também porque foi conseguida a não oposição construtiva dos Verdes (sob o pretexto razoável quanto à duvidosa credibilidade de uma estratégia climática sem mudança da política comercial europeia), a principal fatia das 89 abstenções registadas. No tocante aos votos contra, eles vieram, dominantemente e como era previsto, da extrema-direita e da extrema-esquerda (ainda me falta entender o posicionamento europeu do nosso Bloco, mas isso são contas de outro rosário), tendo ascendido a 157.
Em suma: quase dois terços de apoio (65,2% dos votos expressos, que serão 61,4% em relação ao total de 751 eurodeputados ainda regulamentarmente existentes) e mais de três quartos de não rejeição (77,8% dos votos expressos, que serão 73,2% em relação ao total de 751 eurodeputados ainda regulamentarmente existentes) foi um resultado bastante confortável para UvdL e os seus 26 outros comissários que Domingo iniciam funções num quadro tão mais responsabilizante quanto os seus descritores são reconhecidamente muito difíceis e altamente complexos à escala internacional e europeia – ao contrário do relativo otimismo do cartunista (ver abaixo Merkel e Macron como a escolta da presidente UvdL), a evolução próxima futura da União é uma incógnita enorme, agravada pelo abandono de Merkel (que sempre era um esteio) e pela desaustinada vontade de Macron no sentido de deixar uma qualquer impressão digital sua no curso da história (veja-se abaixo o modo como uma recente capa do “El País” o sinaliza), assim como pelas suas crescentes desigualdades internas (frequentemente amplificadas por desorientações e loucuras sem nome e por um coletivo político impreparado e em desagregação). Boa sorte!
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
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