(R. Reimão e Aníbal F, “Elias O Sem Abrigo”, http://www.jn.pt)
Ao que parece, ouvindo as declarações de António Costa, a política de rendimentos e as questões do emprego estarão no centro da estratégia do governo que acaba de iniciar funções. E bem preciso é que o esteja, na medida em que há uma incongruência de fundo entre as apostas na tecnologia e outros fatores de competitividade (o Web Summit é apenas a montra mais propagandística disso mesmo) e a persistência de inultrapassáveis indicadores revelando um país que de todo não podemos querer.
Senão vejamos as três infografias abaixo, indiciadoras do que está em causa naquele meu argumento: observam-se níveis salariais baixíssimos e convergentes em baixa (veja-se a evolução da diferença entre salário médio e mínimo), precariedades altamente resistentes (veja-se o peso dos contratos a prazo, sobretudo na faixa etária mais jovem) e outras manifestações de perversidade no mercado de trabalho nacional (veja-se a quebra de 18% verificada desde a crise nos salários de recém-licenciados, cujo rendimento mensal líquido de 726 euros – registaram bem? – se situa abaixo do nível pré-crise e cujo prémio salarial do ensino superior perdeu mais de metade do respetivo valor nestes onze anos, elementos estes que nos foram revelados no fim de semana pelo “Expresso” a partir de um excelente trabalho de investigação coordenado por João Cerejeira, professor na Universidade do Minho).
Eu sei bem que não dá para tudo, designadamente com concertações sociais roufenhas e dominadas por discursos ortodoxos, interesseiros e passadistas de vária ordem (aqui, a chegada da Ana Manuel Mendes Godinho não deixa de constituir um sinal de esperança!), mas importa que alguém dê um murro na mesa, caramba!
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