quinta-feira, 21 de novembro de 2019

CUMPRIU-SE O PRIMEIRO DEBATE



Temos por aqui andado algo alheios em relação ao evoluir dos acontecimentos políticos num Reino Unido que está agora em contagem decrescente para eleições. Não volto à matéria para acrescentar muito em relação ao que já é consabido ou ao que se vai sabendo, mas simplesmente para registar o facto do debate histórico – seja porque a dois, seja porque ainda entre um conservador e um trabalhista, seja porque foi muito provavelmente o último grande debate político do país enquanto membro do “clube” europeu – que ocorreu na noite passada entre o favorito primeiro-ministro Boris Johnson e o seu principal challenger Jeremy Corbyn. Dizem os comentadores uma de duas: ou que ninguém ganhou, o que não deixa de favorecer quem vai à frente, ou que BoJo venceu à justa – em qualquer caso, a situação tende para uma crescente probabilidade de o Brexit (porque é verdadeiramente disso que se trata, mesmo que Corbyn ainda não o tenha assimilado) vir a acontecer pelo combativo trator que é o líder dos Tories.

(a partir de http://www.ft.com)

Mas o meu principal ponto, além de pretender assinalar a estranheza de uma disputa entre dois candidatos limitados (Johnson porque pouco parece ver para além do Brexit e Corbyn porque não entra de todo na maioria do eleitorado), vai no sentido de um pensamento que tive oportunidade de ouvir, muito bem formulado e explicado, a Paul De Grauwe na conferência do Banco de Portugal sobre os 20 anos do Euro: dizia ele, e sintetizo, que, chegados onde chegamos, o melhor que temos a esperar é uma saída rápida (negociada, se possível, por menos dolorosa em impactos) do Reino Unido da União Europeia, na medida em que qualquer outra situação arrastará uma permanente instabilidade para dentro do espaço da União com os ingleses a comportarem-se mais do que nunca como membros com um pé dentro e um pé fora, não apenas incapazes de contribuírem para o processo europeu como sobretudo capazes de serem inevitáveis focos de agitação e dúvida em relação a todo e qualquer dossiê essencial. Pessoalmente, ainda não me sinto completamente convencido, mas percebo o ponto e a sua lógica e também aceito cada vez mais que, na vida em geral e na política em particular, é preciso saber recuar ordeiramente perante a força da realidade objetiva que se apresenta diante de nós.

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