segunda-feira, 4 de novembro de 2019

DOIS EDITORIAIS


Os dois últimos editoriais (excertos acima) de Manuel Carvalho, diretor do “Público”, fornecem matéria vária para reflexão sobre o atual momento político português em sede de governação. No primeiro – elogiando a “inteligência tática”, o “cinismo prático” e o jogo de cintura” de António Costa –, procura desvendar o grande plano do primeiro-ministro (“fazer dos deputados à esquerda uma espécie de escudeiros”), afinal um segredo de polichinelo depois de ouvido Augusto Santos Silva no encerramento do debate parlamentar do programa de Governo. No segundo – elogiando a competência da nova ministra Alexandra Leitão –, adianta a sua convicção resultante da entrevista (“dececionante”) pela mesma concedida na véspera ao seu jornal de que não teremos efetiva “modernização” por manifesta inexistência de um programa de reformas; ou seja, e numa versão crua e frontal: “O Estado medieval que temos, hipertrofiado, distante e cego, que tantas dúvidas suscita ao primeiro-ministro como ao líder da oposição, serve demasiados interesses para poder mudar”. É muito cedo para leituras definitivas, mas nunca o é para sinalizar razões de preocupação que nos possam levar a que assistamos ao desaproveitamento de anos preciosos para uma necessária intensificação da limitada dinâmica desenvolvimentista que ainda nos vai tolhendo.

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