Francisco Assis, atual presidente do Conselho Económico e Social (CES), tem sido um dos mal-amados do regime socialista/costista. A vários títulos e por razões várias, umas de culpa própria e outras de culpa alheia. Mas o que aqui o traz hoje é apenas um detalhe, embora não negligenciável, do que tem sido a sua frontalidade na defesa de valores que são os seus, disso assumindo as respetivas consequências (como foi o caso, recentemente, de não ter sido convidado a integrar a lista de candidatos do PS à Assembleia da República): o modo como se pronunciou abertamente sobre a presença junto da Presidência do Conselho de Ministros da estranha figura que é Alexandre Guerreiro, jurista e ex-analista no Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (“enxovalha o Estado português” e “grave anomalia institucional”, escreveu em comunicado). Assis invocou mesmo razões maiores (“em nome da dignidade nacional e do respeito pelo martirizado povo ucraniano”) para considerar “imperioso” que sejam tomadas medidas conducentes ao afastamento do dito personagem, um “colaboracionista do autocrático e criminoso poder instalado no Kremlin” que “colide radicalmente com o posicionamento político publicamente afirmado pelo Governo” sobre a “bárbara invasão russa” à Ucrânia e que não pode, por isso, estar “associado ao centro nevrálgico do poder político executivo português”. Sublinhe-se que o acusado assumiu posições públicas (designadamente enquanto comentador da SIC Notícias) que defendem e justificam a invasão que a Rússia levou a cabo na Ucrânia, depois de em 2021 ter apresentado uma tese de doutoramento em que defendia, à luz do direito internacional, a anexação da Crimeia pela Rússia. Há coisas que não podem ser ignoradas nem desvalorizadas e Assis foi claro no seu apontar de dedo a uma situação intolerável que só resiste ao cinismo de interpretações modernistas da democracia.
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