O XXIII Governo Constitucional está já em pleno exercício de funções, embora ainda preparando o cumprimento das formalidades democraticamente obrigatórias depois da preguiçosa adoção do Programa Eleitoral do PS como Programa de Governo a discutir no Parlamento. Dado o facto de a composição do Governo ter tido de esperar quase dois meses, assim suscitando especulações de muita espécie (jogo em que eu próprio colaborei, confesso), venho hoje dar por encerrado o assunto, para o que recorro a alguns dos meus palpites e a palpites provenientes de alguns órgãos de comunicação social.
Seleciono assim os seguintes quatro pontos (a partir de uma base fornecida pela última capa do “Tal e Qual”): (i) Pedro Siza Vieira era para mim um dado adquirido no Governo, até pela amizade que o liga(va) a Costa, mas talvez que tenha apostado em excesso numa mudança para a política externa (quando o primeiro-ministro se defrontava em simultâneo com a saída de Augusto Santos Silva e o veto a João Gomes Cravinho na Defesa) ou, em alternativa, talvez que se lhe tenha sobreposto na Economia uma promessa (ou mais do que isso, quem sabe?) de tornar António Costa Silva ministro na sua última grande oportunidade para tal, tudo acabando por levar Siza a ser descartado em favor do “génio” que tanto fascina Costa; (ii) diz-se que Graça Fonseca queria sair, o que a própria confirma, mas há outras leituras segundo as quais ela terá sido pura e simplesmente afastada sem pré-aviso; (iii) Sampaio da Nóvoa terá estado nas cogitações de Costa, sobretudo desde o seu apoio expresso durante um comício eleitoral em que foi a grande figura convidada, mas a Educação perdeu expressão no seio do Governo (o que não era consentâneo com aquela grande aquisição) e a Ciência foi por ele perdida para uma Elvira Fortunato mais atualizada e ademais capaz de contribuir para as quotas; (iv) Pedro do Carmo, um deputado alentejano, foi tido por certo na Agricultura mas movimentações de última hora recuperaram Maria do Céu Antunes para uma reincidência cujas razões poucos verdadeiramente entenderam e que terá encontrado fundamento ou nas suas determinantes ligações a algumas personalidades e organizações com interesses no setor ou em erros primários do indigitado que irritaram o primeiro-ministro.
Muito mais haveria a tratar neste fim de festa da especulação em torno do novo governo, mas sinceramente não me parece que valha a pena prosseguir por aí; sendo que tenho por certo, de todo o modo, que o caso de Siza Vieira ainda vá dar que falar mais à frente no tempo.
... para não falar da ausência de competências específicas do eterno pentavirado de mulheres e homens, de cujo ímpeto reformador será prudente duvidar.
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