Como é periodicamente habitual, o FMI atualizou por estes dias as suas previsões internacionais. Um dos dados que continua a ser bastante penalizador para o nosso lado é o do endividamento público, indicador que nos coloca no 12º lugar dos países mais endividados do mundo. Para recuperarmos um pouco do que foi a escalada que nos trouxe até aqui, recorde-se no quadro acima que passamos dos 60% de 2002, valor a que estávamos obrigados por efeitos de adesão ao Euro, para os 114,4% no ano do resgate (2011), ao que se seguiu um continuado agravamento até 2014 (132,9%), ligeiras melhorias posteriores (116,6% em 2019), uma nova subida decorrente do surto pandémico (135,2% em 2020) e alguma recuperação nestes dois últimos anos (sendo de 121,6% o valor estimado atual). Estonteante e verdadeiramente impressionante!
Mas insisto, consciente da repetição da ideia mas também da relevância da sua divulgação cada vez mais generalizada: o problema português de endividamento não é apenas público, o que pelo menos lhe daria um foco bem específico, mas é de caráter alargado a todos os setores institucionais, ou seja, às empresas e às famílias. Pese embora o facto de estas dívidas privadas, após terem estado a um nível próximo da pública em meados da década passada, apresentarem uma tendência decrescente mais acentuada, apenas interrompida pelos efeitos incontornáveis da pandemia. Ainda assim, a tripla dimensão do endividamento e as suas magnitudes ficam aqui claramente patentes, mostrando quão justificáveis serão novas e mais finas incursões na matéria (a exemplo do que aqui fizemos no passado).
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