Todos compreendemos que o discurso diário de Zelenski é fonte de uma estratégia de pressão bem urdida e decorrente da tragédia que assumiu gerir com uma coragem que merece os maiores aplausos. Mas o facto é que, dois dias depois da sua acusação perante o Conselho de Segurança da ONU, a Rússia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da Instituição com uma votação favorável expressiva (93 a favor, 24 contra e 58 abstenções) ― devagar, devagarinho, como é próprio da diplomacia e da complexidade e melindre dos grandes equilíbrios mundiais, mas as coisas lá vão mexendo no bom sentido e sempre descontadas certas perplexidades.
Um bom sentido que não invalida a evidência de todos continuarmos céticos quanto às inibidoras limitações de um contexto impotente para definir linhas vermelhas e, assim, quanto ao resultado final de tudo isto. Tanto mais quanto ― e nunca é demais sublinhá-lo! ― Putin e os responsáveis russos continuarão a não se poupar a esforços, como se viu em Bucha e se anuncia irmos ver em Mariupol e noutras localidades ucranianas, para obterem as medalhas que tão honorificamente gratificam o medievalismo e a desumanidade.
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