No que toca à guerra, estamos perante uma aparente encruzilhada alimentada por contradições informativas difíceis de avaliar quanto à sua verdadeira essência. Por um lado, Putin e os seus apaniguados (ontem foi a vez de Medvedev) falam grosso e ameaçam, quiçá fazendo bluff mas sempre seguramente sentados sobre a ideia de que o botão nuclear acabará por funcionar como dissuasor, não evidenciando assim qualquer vontade negocial nem muito menos uma ponta de arrependimento pelos crimes que o mundo vai observando. Por outro lado, e em sentido inverso, recrudescem os sinais de que a situação no terreno apresenta manifestações variadas de não ser famosa para as hostes russas, muito por via de elementos insuficiência estratégica e desorganização que vão sendo detetados no seio das chefias “putinianas”.
Enquanto o impasse permanece e o horror prossegue (Mariupol vive atualmente a maior das calamidades), o aspeto que tem emergido como mais interessante de observar (até porque potencialmente suscetível de gerar paralisações e rompimentos não negligenciáveis no seio do Ocidente e da União Europeia) é o das denúncias que de múltiplas partes vão sendo tornadas públicas em relação à Alemanha ― sobre o modo como as suas políticas do passado recente e as correspondentes restrições que delas decorrem para o presente quanto a um xeque-mate à Rússia que cada vez mais as vozes internacionais reclamam, para não falar das fortes e interesseiras cumplicidades de grandes figuras da cena política alemã em relação a Putin (por estes dias foi o presidente Steinmeier a vir pedir desculpa, após ter sido humilhado na Ucrânia) ―, assim criando um sentimento generalizado de incomodidade (há mesmo quem afirme que a Alemanha está a financiar a invasão russa) que necessariamente contribui para introduzir nas hostes do “Bem” revisionismos demasiado imponderados e imediatistas ― porque só a História poderá verdadeiramente julgar ―, portanto de duvidosa eficácia face ao que está aí pela frente.
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