sexta-feira, 17 de maio de 2024

UMA QUESTÃO A TORNAR-SE INESCAPÁVEL

No dia em que Aguiar-Branco decidiu que não seria censor do “Chega” no Parlamento português, em nome de uma formalidade que data de dois séculos atrás e de uma defesa da liberdade que garante todo o espaço de manobra aos seus carrascos (nunca me sai da cabeça aquela frase de um ideólogo do nazismo em louvor da condescendência dos democratas que permitiram a disseminação de discursos que os acabaram por exterminar!), uma breve referência àquela que começa a ser uma exceção alemã numa Europa em que a extrema-direita alastra em mancha de óleo – não que os radicais da AfD não estejam já em segundo lugar não intenções de voto internas e em primeiro em algumas regiões (como já aqui evidenciamos), não que não seja clara a sua intenção central de destruição da União (como decorre das palavras da colíder do partido, Alice Weidel, fazendo do exemplo do Brexit um modelo a seguir pela sua Alemanha, mais nacionalista e menos solidária), mas porque é por lá que ainda vai conseguindo imperar a imposição de “linhas vermelhas” em relação a formações extremistas e racistas, seja no âmbito partidário (CDU, desde logo) ou no plano da intervenção social e cívica (vejam-se as grandes manifestações ocorridas em várias cidades), sendo de destacar a inédita – e impensável em realidades egoístas e cínicas como a que é atualmente a nossa – mobilização das grandes empresas contra o “voto ultra” nas próximas Europeias sob o racional de assim se contrariarem forças divisionistas e que fazem perigar a prosperidade nacional. Escreveu-o a Siemens, alguém imagina algum dos nossos grandes grupos económicos a ter a decência e a coragem de dar tal exemplo?

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