quarta-feira, 29 de maio de 2024

VOTAR EM QUEM?

 

Em quem vou eu votar nas Europeias de 9 de junho? Esta deve ser a dúvida mais do que metódica que atravessa a mente dos portugueses que ainda se interessam pela atividade política e que se irão disponibilizar para deixarem uma cruz no boletim de voto que lhes vai ser apresentado. E olhando para os oito candidatos mais representativos (veja-os acima), a razão de ser associada a essa dúvida parece-me mais do que pertinente. Pessoalmente, já tinha decidido afastar-me da questão por manifesta improcedência da mesma, mas lá fiz o sacrifício de assistir esta noite ao seu debate conjunto na RTP3 na esperança de alguma evolução inesperada – não, de todo, visto que cada um dos oito esteve péssimo à sua maneira, embora obviamente sempre haja que distinguir entre prestações deficientes (Temido e Bugalho), prestações doutrinárias (Cotrim), prestações deslocadas (Catarina e Oliveira), prestações líricas (Paupério e Fidalgo) e prestações simplesmente ridículas (Tânger).
 
Outras hipóteses de escolha, os chamados partidos pequenos, caem nas mesmas tipologias, com tendência para oscilarem preferencialmente entre o deslocado e o lírico mas com doses maiores de ignorância. Mas claro que temos ainda a possibilidade de optar pelo ADN (ex-PDR), liderado por Bruno Fialho, capturado pela comunidade evangélica brasileira e tendo por cabeça-de-lista a indescritível e excessiva Joana Amaral Dias, uma personagem a quem alguns poderiam não regatear apoio para assim alcançarem o prazer maior de a afastarem dos ecrãs televisivos nacionais onde, de forma desconforme e exaltada, tem nestes anos interpretado a seu bel-prazer posições desencontradas ou contraditórias. Senhor me perdoe, caro leitor!

Não quero terminar, todavia, sem uma menção direta a Sebastião Bugalho. Um rapaz que, independentemente do respetivo conteúdo concreto, era um comentador a quem eu achava alguma graça pela sua atitude profissional, esforçada e trabalhadora, contrastando com a da larga maioria dos seus colegas e concorrentes. O certo é que a mudança de registo, resultante de uma opção pela atividade política, transformou Bugalho num ser que me passou a irritar solenemente – não pelas opções políticas a que se vinculou mas sim por tudo quanto ele revela a olho nu de artificialidade, de arrogância e superioridade mal disfarçadas de simpatia e simplicidade, de novo-rico da política; mesmo sendo notório que Bugalho goza do beneplácito dos seus ex-companheiros, não estou em crer que a sua expressão comportamental e a sua visível imaturidade consigam convencer os experimentados votantes portugueses.

(António Gaspar, https://www.facebook.com)

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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