quinta-feira, 2 de maio de 2024

BUGALHO PARA MARTE, JÁ!

Por estes dias têm ressaltado no nosso espaço público divagações despropositadas dos nossos candidatos ao Parlamento Europeu, qualquer que seja o quadrante de onde provêm. A maioria deles revela-se completamente a leste do Paraíso em relação ao que os espera e ao que deles se espera em Bruxelas e Estrasburgo – até Cotrim, algo surpreendentemente, mais não consegue do que tentar vender aos portugueses um discurso romântico desligado da realidade e meramente assente nos estereótipos baratos de uma ideia liberal que por lá não irá estar em causa. Igualmente aflitiva em termos de desfasamento em relação à realidade é a conversa do jovem candidato do “Livre”, um desfasamento que também existe com o Bloco e o PCP mas que contem lógicas menos puristas por assentes no comando de um cálculo político interno (as velhas questões dos malefícios da presença europeia, em geral, e dos malefícios do Euro, em particular). E enquanto o “Chega” se limita a gerir o tempo que lhe falta para eleger vários eurodeputados e integrar o grupo político europeu de expressão mais radical e o PS parece não querer nem saber aquilo que deveria ser a sua relevância no próximo ciclo europeu, o PSD entrega-se à popularidade de Bugalho na “bolha mediática” e à sua retórica conservadora e pseudovoluntarista, glosando em torno de como a sua “equipa” irá protagonizar uma autêntica revolução nas instâncias comunitárias; como o ilustra a peregrina ideia de uma bandeira europeia em Marte (embora confessando humildemente, vá lá, que a colocação da mesma é mais provável do que a da portuguesa e respetivas 7 quinas!), já sem falar da inspiradora capa que proporcionou ao “Eco”. Estamos a pouco mais de um mês do ato eleitoral de 9 de junho e, pelo andar da carruagem, só podemos esperar o pior...


(Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt)

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